São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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Norueguês faz "ataque" ao piano na Sala São Paulo

Virtuose no instrumento, Leif Ove Andsnes toca obras do "difícil" Schubert e do conterrâneo Grieg hoje e amanhã

Completam o repertório peça de Beethoven e os monumentais "Quadros de uma Exposição", do russo Modest Mussorgski

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O vulcão do piano está de volta ao Brasil. Dono uma sonoridade vigorosa e incandescente e firme nos ataques ao teclado, o pianista norueguês Leif Ove Andsnes, 38, toca hoje e amanhã na Sala São Paulo, na série do Mozarteum Brasileiro, e faz ainda uma apresentação em Blumenau, na quinta-feira.
Além do compositor nacional de sua terra natal, Edvard Grieg (1843-1907), Andsnes tem gravado extensivamente o austríaco Franz Schubert (1797-1928), cuja "Sonata D. 958" abre o programa de seus recitais brasileiros.
"Gosto de Schubert desde sempre, mas demorei a tocar esse compositor, porque ele é terrivelmente difícil", conta o artista, que causou furor por aqui em 2001, quando se apresentou com a Sinfônica da BBC.
O gosto pela escrita do compositor vienense é tão grande que Andsnes não se limita à sua música para piano solo -tem tocado também obras de câmera de Schubert, bem como acompanhado cantores na execução de seus "lieder" (plural de "lied", termo que designa a canção germânica).
Em seguida, Andsnes executa a "Sonata ao Luar", de um dos compositores preferidos de Schubert -Ludwig van Beethoven (1770-1827). "Embora seja uma sonata famosa, só comecei a estudá-la no verão passado", conta o intérprete.
Outra aquisição recente do repertório são os monumentais "Quadros de uma Exposição", do russo Modest Mussorgski (1839-1881), que ocupam toda a segunda parte do programa.
Embora, na juventude, fosse obcecado por Richter (1915-1997), a ponto de querer soar como ele, é outro pianista russo sua referência nessa obra: Vladimir Horowitz (1903-1989).
"Horowitz reescreve a obra em algumas passagens, e é algo que também faço", diz. "Mussorgski tinha grande imaginação musical, mas não sabia escrever para o piano.
Em passagens como "A Grande Porta de Kiev", por exemplo, sua escrita é estática, sinto falta de grandes sons sustentados." Por isso ele "turbina" a peça em alguns pontos, como Horowitz fazia.

LEIF OVE ANDSNES
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3223-3966)
Quanto: de R$ 50 a R$ 130
Classificação indicativa: livre



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