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Norueguês faz "ataque" ao piano na Sala São Paulo
Virtuose no instrumento, Leif Ove Andsnes toca obras do "difícil" Schubert e do conterrâneo Grieg hoje e amanhã
Completam o repertório peça de Beethoven e os monumentais "Quadros de uma Exposição", do russo Modest Mussorgski
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O vulcão do piano está de volta ao Brasil. Dono uma sonoridade vigorosa e incandescente
e firme nos ataques ao teclado,
o pianista norueguês Leif Ove
Andsnes, 38, toca hoje e amanhã na Sala São Paulo, na série
do Mozarteum Brasileiro, e faz
ainda uma apresentação em
Blumenau, na quinta-feira.
Além do compositor nacional de sua terra natal, Edvard
Grieg (1843-1907), Andsnes
tem gravado extensivamente o
austríaco Franz Schubert
(1797-1928), cuja "Sonata D.
958" abre o programa de seus
recitais brasileiros.
"Gosto de Schubert desde
sempre, mas demorei a tocar
esse compositor, porque ele é
terrivelmente difícil", conta o
artista, que causou furor por
aqui em 2001, quando se apresentou com a Sinfônica da BBC.
O gosto pela escrita do compositor vienense é tão grande
que Andsnes não se limita à sua
música para piano solo -tem
tocado também obras de câmera de Schubert, bem como
acompanhado cantores na execução de seus "lieder" (plural
de "lied", termo que designa a
canção germânica).
Em seguida, Andsnes executa a "Sonata ao Luar", de um
dos compositores preferidos de
Schubert -Ludwig van Beethoven (1770-1827). "Embora
seja uma sonata famosa, só comecei a estudá-la no verão passado", conta o intérprete.
Outra aquisição recente do
repertório são os monumentais
"Quadros de uma Exposição",
do russo Modest Mussorgski
(1839-1881), que ocupam toda a
segunda parte do programa.
Embora, na juventude, fosse
obcecado por Richter (1915-1997), a ponto de querer soar
como ele, é outro pianista russo
sua referência nessa obra: Vladimir Horowitz (1903-1989).
"Horowitz reescreve a obra
em algumas passagens, e é algo
que também faço", diz. "Mussorgski tinha grande imaginação musical, mas não sabia escrever para o piano.
Em passagens como "A Grande Porta de
Kiev", por exemplo, sua escrita
é estática, sinto falta de grandes
sons sustentados." Por isso ele
"turbina" a peça em alguns
pontos, como Horowitz fazia.
LEIF OVE ANDSNES
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3223-3966)
Quanto: de R$ 50 a R$ 130
Classificação indicativa: livre
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