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crítica
Justice faz show agressivo e claustrofóbico
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
O mote era "feito por você" -já que o festival
foi montado a partir de
escolhas do público-, mas ficaria melhor "feito por ruídos".
Porque as duplas Justice e
Digitalism, as duas principais
atrações, abusaram das distorções e dos efeitos eletrônicos
para emprestar ao evento um
clima pesado e dançante. E o
público vibrou com os ruídos.
Os franceses do Justice tocaram cedo, das 23h de sábado à
0h30 de domingo. A estratégia
mostrou-se acertada: o duo foi
um dos que atraiu mais pessoas
ao palco montado na área da
concentração do Sambódromo.
A apresentação pode ser resumida como uma massa sonora feita por beats barulhentos,
alguns vocais e sintetizadores
que emulam riffs de guitarra.
No palco, os dois se colocam
atrás de uma mesa de som; dos
dois lados, paredes de amplificadores Marshall; à frente, uma
cruz que pisca durante o show.
A intenção parece ser criar
no público um desconforto
com as batidas sujas, ásperas.
Durante pouco mais de uma
hora, é difícil encontrar espaço
para respirar na avalanche de
sons e luzes jogadas pelo Justice. Em nove anos de Skol Beats,
o duo foi dos nomes mais agressivos que já tocaram no evento.
Às 3h30, o Digitalism deu seqüência a essa atmosfera que
chega a ser até claustrofóbica.
Enquanto um deles toca uma
bateria eletrônica, o outro fazia
diversas intervenções vocais,
dando à apresentação um caráter roqueiro e energético. A dobradinha Justice/Digitalism foi
uma bola dentro do festival.
O mesmo não pode ser dito
do trio australiano Pendulum.
O que se viu foi um grupo que se
assemelhava a bandas de metal.
Muitos riffs inconsistentes e
um vocalista irritante fizeram
com que muita gente cruzasse
os braços na pista. Já Armin
van Buuren jogou para a torcida, com vários hits fáceis.
O Skol Beats foi encerrado
por Gui Boratto. Apoiado por
uma banda (teclados e bateria),
Boratto proporcionou momentos memoráveis, mostrando
que já se tornou um nome pop.
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