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CRÍTICA CURTA
Primeiro filme de Glauber é livre da "estética da fome"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Para quem busca conteúdos, é quase impossível detectar Glauber Rocha em "Pátio". O filme de 1959, autodefinido como "experimental",
pouco tem a ver com o que se
conheceria depois como "a estética da fome".
Ali está um pátio dividido
em quadrados pretos e brancos, como no xadrez, onde
um homem e uma mulher
evoluem, ora juntos, ora separados, como num balé
amoroso. Em torno deles, a
vegetação viçosa e, atrás dela, o mar. O céu, com suas nuvens, é o último elemento da
natureza evocado no filme.
Glauber tomou a providência de mostrar seu primeiro trabalho a Walter Hugo Khouri, a quem considerava o melhor diretor brasileiro. Khouri deu a bênção ao
jovem baiano, chegando a
definir Glauber como um cultor do "cinema absoluto", seja isso o que for.
Não importa muito: estamos diante de um filme cujos elementos lembram a
"avant-garde" dos anos 20,
que de fato aspirava a uma pureza cinematográfica.
Ele já explora o espaço cênico, matéria em que se destacaria como mestre. Talvez
seja esse o aspecto a reter, balizado pelos embates entre
natureza e cultura, homem e mulher, preto e branco.
Em "Pátio" há muito e não há nada do Glauber maduro.
O talento, a afeição pelo cinema, o gosto pela experimentação, a ousadia -tudo isso
está no filme. O lado político,
que às vezes obscurece os demais, ainda não aparece.
Mas fica claro que Glauber já sabia, como ensina John
Ford, que o que importa no
cinema é onde enquadrar a
linha do horizonte. O resto vem naturalmente.
"PÁTIO", DE GLAUBER ROCHA
ONDE pq. Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, tel. 0/xx/11/5576-7600)
QUANDO hoje, às 9h e 12h
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO ótimo
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