IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

Que "Terra Nostra", que nada. O descendente de italianos que quiser homenagear a pátria dos bisavós vai se sentir mais gratificado com o CD de "A Midsummer Night's Dream".
Ao deslocar a ação da Grécia para a Toscana de 1895, o cineasta Michael Hoffman permitiu que a música de seu filme fosse povoada por populares trechos de ópera italiana do repertório.
A gravadora Decca recheou o disco com registros de seus artistas populares.
Assim, a voz de Luciano Pavarotti comparece com todo frescor e beleza que possuía nos idos de 1973, interpretando "Che Gelida Manina" (da "Bohème", de Puccini) sob regência de Herbert von Karajan.
Da mezzo-soprano coloratura Cecilia Bartoli, foi escolhida a cabaletta "Non Più Mesta" da ópera "La Cenerentola", de Rossini.
E o tenor-revelação Roberto Alagna mostra "Una Furtiva Lacrima", do "Elixir do Amor", de Donizetti.
Há ainda o meloso "Intermezzo" da "Cavalleria Rusticana", de Mascagni, e duas gravações feitas para a trilha do filme por Renée Fleming.
Ela canta o "Brinde", da "Traviata", de Verdi, com o tenor Marcello Giordani.
Mas a trilha serve-se, também, da música incidental que Mendelssohn escreveu para a peça.
Fosse só isso e o prazer estaria garantido. Há, contudo, a música incidental, de autoria de Simon Boswell.
Oscilando entre vazios clichês do romantismo tardio e um medievalismo "fake", seus temas não chegam a comprometer, mas contribuem para esfriar.

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