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OUTRA FREQUÊNCIA
Anatel estuda "dança das cadeiras" no dial das FMs
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem fazer alarde, a Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) estuda a possibilidade de modificar o dial das FMs em
São Paulo. A intenção é conseguir
abrir espaço a uma frequência para rádios comunitárias, a 87,9
MHz, como determina a lei.
Na atual configuração, o dial
paulistano não comporta uma
nova estação, segundo a agência.
A primeira dificuldade é o excesso de emissoras. A capital já
tem nos 88,1 MHz a Gazeta FM,
que poderia sofrer interferência
dos 87,9 MHz. A superlotação se
deve, em grande parte, a rádios
com concessão de cidades da região metropolitana e até do interior que instalam ilegalmente seus
transmissores na capital -não
raro, em plena avenida Paulista.
Além disso, emissoras genuinamente paulistanas ampliam a potência de seus transmissores sem
autorização do governo.
O primeiro passo para conseguir espaço a uma comunitária
em São Paulo é uma consulta pública lançada neste mês. A Anatel
propõe que a faixa de FM, hoje
iniciada nos 87,8 MHz, seja ampliada até os 87,4 MHz. Assim, haveria duas alternativas de frequência para comunitárias: 87,5 e
87,7 MHz -isso poderia ser útil
também a outras grandes cidades.
A Anatel divulga que o CPqD
(Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações)
testou 12 aparelhos para avaliar se
esses duas novas frequências poderiam ser sintonizadas. Apenas
um não as sintonizou. Esta coluna
apurou que o CPqD deu preferência a marcas mais baratas e a rádios de casa (não a de carro). Razão: a idéia de que esses seriam os
alvos de uma comunitária.
A consulta pública ficará aberta
para sugestões no site da Anatel
(www.anatel.gov.br) até o dia 29.
Mas, mesmo que a ampliação do
dial seja aprovada, a situação não
estará completamente resolvida
em São Paulo. A partir daí, o
CPqD entraria na segunda e mais
complexa fase do processo: reorganizar o dial retirando emissoras
ilegais e mudando a frequência de
algumas FMs regulares.
Nem é preciso dizer que haverá
resistência. Mudar a frequência
de uma rádio poderá prejudicar
sua audiência, já que o ouvinte teria que decorar a nova sintonia.
Enquanto as comerciais vão
pressionar de um lado, do outro
estará o movimento das comunitárias. Já na próxima quarta, às
13h, acontecerá na Câmara Municipal de São Paulo o encontro
"Cadê Canal para a Capital?". A
Comissão de Administração Pública indagará à Anatel por que o
dial da região metropolitana paulista ainda não tem espaço para
uma emissora comunitária.
A briga promete.
laura@folhasp.com.br
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