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MÚSICA
Celebrizada como "intérprete de dores amorosas" pelo sucesso da canção "Ninguém me Ama", cantora tinha 82 anos
Estrela do rádio, Nora Ney morre no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
A cantora Iracema Ferreira
Maia, a Nora Ney, morreu no início da manhã de ontem no hospital Samaritano, no Rio de Janeiro,
de falência múltipla de órgãos. Ela
tinha 82 anos.
Celebrizada em 1952 com a gravação de "Ninguém me Ama",
que a marcou como uma cantora
das dores amorosas, Nora Ney foi
uma "grande estilista da MPB",
segundo o pesquisador Ricardo
Cravo Albin: "Ela transcendeu a
música; marcou a geração dela e
as gerações posteriores".
Nascida em Olaria, zona norte
do Rio, Nora Ney aprendeu sozinha a tocar violão, observando as
aulas que suas irmãs tinham com
uma professora. Antes de decidir-se pela carreira de cantora, frequentava programas radiofônicos de auditório.
Sempre que o animador pedia,
ela subia ao palco e cantava um
sucesso estrangeiro. Achava que
não poderia cantar em português
por causa da pronúncia rascante
dos "erres". No final da década de
40, casou-se com o primeiro marido, Cleido, com quem teve dois
filhos, Vera Lúcia e Hélio.
Em 1953, separou-se e assumiu
um relacionamento com o cantor
Jorge Goulart, que também era
casado. Os dois só oficializaram a
união depois de 39 anos. Ney o
chamava de "meu companheiro",
em vez de "meu marido".
Sua carreira começou no início
dos anos 50, na programação noturna da rádio Tupi. Com o apoio
de Lúcio Alves, que a incentivou a
dedicar-se apenas ao repertório
estrangeiro, adotou o pseudônimo de Nora May, depois mudado
para Nora Ney.
Na mesma rádio, passou a cantar músicas brasileiras quando
substituiu Aracy de Almeida, que
estava de férias. Seus compositores preferidos eram Noel Rosa,
Ari Barroso e Carioca.
Gravou o primeiro de seus discos em 1952. No mesmo ano, gravou "Ninguém me Ama". No ano
seguinte, foi eleita Rainha do Rádio. Seu auge foi na década de 50.
Com o companheiro Goulart,
foi demitida da Rádio Nacional
em 1964, por causa de suas posições políticas de esquerda e a favor de João Goulart.
Em 1989, ao lado das cantoras
Carmélia Alves, Rosita Gonçalves,
Ellen de Lima, Violeta Cavalcanti
e Zezé Gonzaga, atuou no show
"As Eternas Cantoras do Rádio",
que acabou virando um CD.
Deixou os palcos em 1992, após
sofrer um acidente vascular cerebral durante um show. Desde então, foi internada várias vezes. Há
três anos, não saía mais da cama.
Estava havia três meses internada.
Em dezembro, haverá um show
beneficente no teatro João Caetano (Rio), para ajudar Goulart a
pagar as despesas da última internação de Ney, com a presença de
Carmélia Alves e Elymar Santos.
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