São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2004

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MÚSICA ELETRÔNICA

Representantes do hard tecno, dupla PET Duo, Murphy e Lukas embarcam em viagem pelo exterior

Com turnês, brasileiros ganham reconhecimento europeu

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Aqui e ali, já faz algum tempo que DJs e produtores brasileiros vêm ganhando certas atenções e pistas da Europa e do resto do planeta. Primeiro foi o drum'n'bass, agora é o tecno. Neste final de ano, três nomes embarcam para excursões para clubes e eventos de grande porte.
Acontece, em 13 de novembro, na cidade de Ghent, na Bélgica, o mais importante festival de tecno do mundo, o I Love Techno, que espera público de 40 mil pessoas. O line up: Carl Cox, Richie Hawtin, Dave Clarke, Prodigy, Miss Kittin, Felix da Housecat, Alter Ego, Ricardo Villalobos e mais alguns. Além desses, está lá, o nome estampado em uma das seis pistas: PET Duo.
E não é em qualquer horário, em qualquer tenda. O casal Ana e David -juntos há dez anos; há sete pilotando pick-ups como PET Duo- está escalado em parte nobre -entre os DJs Rush e Dave Clarke, na pista direcionada mais ao chamado hard tecno.
"É o paraíso para quem gosta de tecno", disse à Folha David, que embarcaria ontem para a Alemanha, onde iniciaria a turnê. "Todo DJ do estilo quer tocar lá. Pode-se dizer que é o ápice da carreira para qualquer um."
Além do PET Duo, vão à Europa o paulista Murphy e o paraibano Lukas -este último radicado em Campinas. Todos, um pouco mais, um pouco menos, representantes da linha mais pesada do tecno, o hard tecno. Rápido, com número alto de BPMs (batidas por minuto), o hard tecno é estilo não muito acessível, se comparado a outras ramificações da eletrônica, como trance e house.
É um gênero com grande número de fãs na Europa, principalmente em países como Alemanha, Espanha e do leste do continente, mas que ainda, segundo os DJs, sofre certa rejeição e preconceito no Brasil -DJs como o norte-americano Rush e o alemão Chris Liebing são verdadeiros astros naqueles países.
"Existe um preconceito com esse tipo de música. Acham que é muito pesado", afirma Ana. A tese de que "é preciso fazer sucesso lá fora para ser reconhecido no Brasil", sustentada por muitos DJs, não foi comprovada pelo PET Duo, que viaja pela oitava vez à Europa. "Tem gente que não fez o que fizemos lá fora, mas tem mais reconhecimento aqui no Brasil", diz Ana. "Com certeza temos mais nome na Europa do que aqui", afirma David.
Turnê menor, mas não menos importante, será feita por Murphy, que fica fora do país entre 5/11 e 5/12. Ele tocará em 22 datas para divulgar o disco que lançará no mercado europeu em dezembro, pelo selo alemão Definition. Dividirá cabines com gente como Alter Ego (do hit "Rocker"), The Hacker (que fez álbum com Miss Kittin) e Christian Fischer.
Saído do universo do hip hop, Murphy é um dos mais habilidosos DJs de eletrônica do país. Faz scratches e efeitos que o diferencia dos demais. "Existem muitos bons DJs no Brasil. Para se destacar, é necessário algo a mais."
Lukas é o caçula; em dezembro, estreará em pistas do além-mar, num turnê que passa por Alemanha e Espanha, onde tocará abrindo para o americano DJ Rush, espécie de "padrinho". "No ano passado me apresentei com o Murphy em quatro pick-ups, e o Rush viu e gostou."
DJ há quatro anos, Lukas faz parte do núcleo Fusuê, empresa proprietária do clube Kraft, em Campinas. "Essa viagem fará diferença na minha carreira. Não são muitos os DJs que vão para fora."


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