São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DANÇA

14ª edição do evento recebe companhias de 12 países

Panorama Rio Dança diversifica os continentes representados

INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

De hoje ao dia 7 de novembro, o Rio está tomado pela dança, com o 14º Panorama Rio Dança. Seja em teatros (Teatro Municipal, Centro Cultural Telemar, Espaço Sesc, Nelson Rodrigues), seja ao ar livre (Largo do Machado), seja ainda em um apartamento no Catete, ou num tradicional ponto de encontro noturno (Teatro Odisséia), o ciclo reúne 34 espetáculos e performances de companhias de 12 países. Como todos os anos, além dos espetáculos o Panorama apresenta debates, palestras, mostra de filmes e o projeto "Os Novíssimos".
Os curadores desta edição - a coreógrafa Lia Rodrigues, idealizadora do festival, a jornalista Nayse Lopes e o produtor Eduardo Bonito- procuraram trazer representantes de países que tradicionalmente não vêm ao Brasil, como Congo, Moçambique, África do Sul e República Tcheca.
Em entrevista, Lopes ressalta que "foi feito um investimento político e artístico para não ter somente companhias da Europa, o que vinha acontecendo nos últimos anos, em grande parte porque esses são os países que têm dinheiro para apoiar intercâmbios". Neste ano, a França financiou a vinda de três grupos da África (Faustin Linyekula, do Congo; Augusto Cuvilas, de Moçambique; Elu e Steven Cohen, da África do Sul). "Com isso mudamos o foco", diz ela.
Lopes destaca que "neste ano há uma questão que permeia vários trabalhos: como os artistas de dança contemporânea hoje se relacionam com os ícones e a herança do balé clássico, ou que vestígios o balé deixou na vida das pessoas". Por exemplo: no trabalho do Jerome Bel, criado para a Ópera de Paris e refeito para o Teatro Municipal do Rio, "a dança é pensada de um outro ponto de vista, que não o da espetacularidade. Ele propõe que se olhe para o mundo do balé, dos bastidores para o palco; o balé visto pela bailarina do corpo de baile".
Outro exemplo é a peça do Elu e Steven Cohen. Apesar de trabalharem questões de gênero, de judaísmo e nazismo (Cohen) e de demonização (Elu), eles usam as tradicionais sapatilhas de ponta. Ou ainda, o trabalho da Kristyna Lhotáková (da República Tcheca): "São três cinqüentões, com os quais ela trabalhou a partir do que imaginavam ser o balé clássico. Eles mesmos trouxeram os clichês da dança. O resultado, claro, fica cômico; mas a idéia por trás é interessante porque há muito mais balé clássico na nossa vida do que a gente se dá conta".


Texto Anterior: Quadrinhos: Em novo Asterix, Uderzo faz homenagem a Disney
Próximo Texto: Política cultural: Secretário aumenta controle dos museus
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.