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DANÇA
14ª edição do evento recebe companhias de 12 países
Panorama Rio Dança diversifica os continentes representados
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
De hoje ao dia 7 de novembro, o
Rio está tomado pela dança, com
o 14º Panorama Rio Dança. Seja
em teatros (Teatro Municipal,
Centro Cultural Telemar, Espaço
Sesc, Nelson Rodrigues), seja ao
ar livre (Largo do Machado), seja
ainda em um apartamento no Catete, ou num tradicional ponto de
encontro noturno (Teatro Odisséia), o ciclo reúne 34 espetáculos
e performances de companhias
de 12 países. Como todos os anos,
além dos espetáculos o Panorama
apresenta debates, palestras, mostra de filmes e o projeto "Os Novíssimos".
Os curadores desta edição - a
coreógrafa Lia Rodrigues, idealizadora do festival, a jornalista
Nayse Lopes e o produtor Eduardo Bonito- procuraram trazer
representantes de países que tradicionalmente não vêm ao Brasil,
como Congo, Moçambique, África do Sul e República Tcheca.
Em entrevista, Lopes ressalta
que "foi feito um investimento
político e artístico para não ter somente companhias da Europa, o
que vinha acontecendo nos últimos anos, em grande parte porque esses são os países que têm dinheiro para apoiar intercâmbios". Neste ano, a França financiou a vinda de três grupos da
África (Faustin Linyekula, do
Congo; Augusto Cuvilas, de Moçambique; Elu e Steven Cohen, da
África do Sul). "Com isso mudamos o foco", diz ela.
Lopes destaca que "neste ano há
uma questão que permeia vários
trabalhos: como os artistas de
dança contemporânea hoje se relacionam com os ícones e a herança do balé clássico, ou que vestígios o balé deixou na vida das pessoas". Por exemplo: no trabalho
do Jerome Bel, criado para a Ópera de Paris e refeito para o Teatro
Municipal do Rio, "a dança é pensada de um outro ponto de vista,
que não o da espetacularidade.
Ele propõe que se olhe para o
mundo do balé, dos bastidores
para o palco; o balé visto pela bailarina do corpo de baile".
Outro exemplo é a peça do Elu e
Steven Cohen. Apesar de trabalharem questões de gênero, de judaísmo e nazismo (Cohen) e de
demonização (Elu), eles usam as
tradicionais sapatilhas de ponta.
Ou ainda, o trabalho da Kristyna
Lhotáková (da República Tcheca): "São três cinqüentões, com os
quais ela trabalhou a partir do que
imaginavam ser o balé clássico.
Eles mesmos trouxeram os clichês da dança. O resultado, claro,
fica cômico; mas a idéia por trás é
interessante porque há muito
mais balé clássico na nossa vida
do que a gente se dá conta".
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