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Crítica/"Trilogia das Cores"
Extras explicam universo de Kieslowski
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O muro de Berlim caiu, a
Europa não se mostrou tão unida como
prometia e nem o papa é mais
polonês. Um resumo do passado recente do mundo assim, em
panorâmica brevíssima, pode
fazer supor que não há coisa
mais ultrapassada hoje do que o
universo de Krzysztof Kieslowski (1941-1996), o que nos
leva à inevitável pergunta: sua
obra resistiu ao tempo?
Ainda que o diretor polonês
seja jogado erroneamente na
vala comum de "cineasta moral" ou na dos autores datados,
certos temas se mantém vivos,
como mostra a "trilogia das cores", "A Liberdade É Azul"
(1993), "A Igualdade É Branca"
e "A Fraternidade É Vermelha"
(ambos de 1994), que retornam
em DVDs com quase uma hora
de extras cada um.
São neles que a revisão se torna necessária, já que evidenciam o caráter menos moral, católico e político, e sim o mais
realista, no sentido de serem
filmes que versam sobre as
coincidências do dia-a-dia.
A estrutura dos extras é quase a mesma nos três discos:
uma seqüência em especial que
resume a idéia básica do filme é
dissecada e explicada pelo próprio diretor, desde a decisão tomada na montagem até ângulos de câmera; atores e equipe
falando sobre o filme; entrevistas com Kieslowski; making of
e explanações de especialistas.
Em depoimentos, Kieslowski
fala sobre sua aposentadoria
após o fim da trilogia, mas diz
que não tem grandes ambições
e que ficar sem fazer nada no
campo, apenas fumando, seria
uma boa. Fica evidente sua famosa frieza e pessimismo, em
frases como "O cinema é um
meio primitivo e não pode
transmitir idéias". Como diz a
bela atriz Irène Jacob, Kieslowski não embeleza a vida, era
sincero e dizia o que pensava ou
se calava. A sua obra, no entanto, ainda fala.
TRILOGIA DAS CORES
Direção: Krzysztof Kieslowski
Distribuidora: Versátil (R$ 110,90, em
média; caixa com três DVDs)
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