São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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Crítica/"Trilogia das Cores"

Extras explicam universo de Kieslowski

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O muro de Berlim caiu, a Europa não se mostrou tão unida como prometia e nem o papa é mais polonês. Um resumo do passado recente do mundo assim, em panorâmica brevíssima, pode fazer supor que não há coisa mais ultrapassada hoje do que o universo de Krzysztof Kieslowski (1941-1996), o que nos leva à inevitável pergunta: sua obra resistiu ao tempo?
Ainda que o diretor polonês seja jogado erroneamente na vala comum de "cineasta moral" ou na dos autores datados, certos temas se mantém vivos, como mostra a "trilogia das cores", "A Liberdade É Azul" (1993), "A Igualdade É Branca" e "A Fraternidade É Vermelha" (ambos de 1994), que retornam em DVDs com quase uma hora de extras cada um.
São neles que a revisão se torna necessária, já que evidenciam o caráter menos moral, católico e político, e sim o mais realista, no sentido de serem filmes que versam sobre as coincidências do dia-a-dia.
A estrutura dos extras é quase a mesma nos três discos: uma seqüência em especial que resume a idéia básica do filme é dissecada e explicada pelo próprio diretor, desde a decisão tomada na montagem até ângulos de câmera; atores e equipe falando sobre o filme; entrevistas com Kieslowski; making of e explanações de especialistas.
Em depoimentos, Kieslowski fala sobre sua aposentadoria após o fim da trilogia, mas diz que não tem grandes ambições e que ficar sem fazer nada no campo, apenas fumando, seria uma boa. Fica evidente sua famosa frieza e pessimismo, em frases como "O cinema é um meio primitivo e não pode transmitir idéias". Como diz a bela atriz Irène Jacob, Kieslowski não embeleza a vida, era sincero e dizia o que pensava ou se calava. A sua obra, no entanto, ainda fala.


TRILOGIA DAS CORES
    
Direção:
Krzysztof Kieslowski
Distribuidora: Versátil (R$ 110,90, em média; caixa com três DVDs)


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