São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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Crítica

"Edukators" discute formas de resistência

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

De volta a "Edukators - Os Educadores" (Telecine Premium, 16h05). Ali, um grupo de três jovens dedica-se a invadir as casas dos ricos e modificar a ordem das coisas.
Que existe transgressão nessa atitude, não há dúvida. Eles oferecem a suas vítimas a desagradável sensação de se sentirem invadidos, quando entram em casa e encontram as coisas modificadas. Também é verdade que existe algo de desesperado nesse tipo de atitude. Como se esses jovens representassem uma resistência apenas simbólica a uma ordem capitalista que nada parece abalar.
Mais do que isso: é como se a ditadura do enriquecimento e tudo isso que veio com a capitulação do comunismo e a ascensão do neoliberalismo, encontrasse por um momento uma oposição. O rico, ao encontrar sua sala transformada numa espécie de instalação, sente-se por fim vulnerável.
Mas é num segundo momento que a pedagogia de "Edukators" se mostra mais amarga. Quando invadem a casa do dono de uma Mercedez em quem a garota do grupo deu uma batida e que o homem fez questão de desgraçar por conta disso.
O acaso os coloca diante do homem. E esse milionário vai se revelar um antigo simpatizante (e mais do que isso) da causa esquerdista.
É então que "Edukators" abre-se ao futuro como mistério absoluto: qual será o destino dos garotos? Preservarão a pureza? Certa estava Doris Day: o que será será.


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