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Crítica
"Edukators" discute formas de resistência
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
De volta a "Edukators - Os
Educadores" (Telecine Premium, 16h05). Ali, um grupo de
três jovens dedica-se a invadir
as casas dos ricos e modificar a
ordem das coisas.
Que existe transgressão nessa atitude, não há dúvida. Eles
oferecem a suas vítimas a desagradável sensação de se sentirem invadidos, quando entram
em casa e encontram as coisas
modificadas. Também é verdade que existe algo de desesperado nesse tipo de atitude. Como se esses jovens representassem uma resistência apenas
simbólica a uma ordem capitalista que nada parece abalar.
Mais do que isso: é como se a
ditadura do enriquecimento e
tudo isso que veio com a capitulação do comunismo e a ascensão do neoliberalismo, encontrasse por um momento
uma oposição. O rico, ao encontrar sua sala transformada
numa espécie de instalação,
sente-se por fim vulnerável.
Mas é num segundo momento que a pedagogia de "Edukators" se mostra mais amarga.
Quando invadem a casa do dono de uma Mercedez em quem
a garota do grupo deu uma batida e que o homem fez questão
de desgraçar por conta disso.
O acaso os coloca diante do
homem. E esse milionário vai
se revelar um antigo simpatizante (e mais do que isso) da
causa esquerdista.
É então que "Edukators"
abre-se ao futuro como mistério absoluto: qual será o destino dos garotos? Preservarão a
pureza? Certa estava Doris
Day: o que será será.
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