Obra documenta a evolução dos quadrinistas Fábio Moon e Gabriel Bá com ilustrações e depoimentos

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os gêmeos e parceiros de trabalho Fábio Moon e Gabriel Bá são, hoje, nomes conhecidos nos quadrinhos brasileiros.
Neste ano, lançaram o álbum "O Alienista", em que adaptam Machado de Assis; venceram três prêmios HQ Mix (desenhista nacional, publicação independente e blog/flog de artista gráfico) e foram indicados ao Eisner Awards, o Oscar dos quadrinhos norte-americanos, na categoria melhor edição americana de material estrangeiro (por "De: Tales", lançado pela editora Dark Horse).
O surgimento e o amadurecimento deles como quadrinistas estão em "10 Pãezinhos - Fanzine", livro lançado neste mês. Moon e Bá sempre gostaram de HQs. E "Fanzine" documenta essa paixão. São histórias e desenhos de várias fases, inclusive antes de começarem a carreira, com depoimentos para contextualizar as ilustrações. É a "autobiografia" de uma carreira -de duas, na verdade.
O fio condutor do livro são os fanzines criados por Moon e Bá. Termo muito usado no universo dos quadrinhos, fanzine é uma revista, geralmente de circulação baixa, feita por amadores e que pode abordar tudo: contos, artigos sobre sua banda favorita, ilustrações. No caso, são histórias em quadrinhos.
O primeiro fanzine produzido pelos gêmeos foi "Vez em Quando", seguido por "Ícones".
Foi em 1997 que surgiu o terceiro e de maior longevidade, "10 Pãezinhos", que é homenageado com este livro. O nome vem do fato de a família deles ter sempre dez pãezinhos no café da manhã. A expressão representa o cotidiano que queriam transmitir nas histórias.
"Fanzine" traz dezenas de HQs curtas criadas pelos gêmeos e há, de fato, muito do cotidiano dos autores. Idas a bares, conversas com amigos, uma partida de basquete, timidez diante de uma garota bonita, fossa e paixão, vida e amor.
Os depoimentos trazem a preocupação de explicar o que eles valorizam nos quadrinhos, o que os atrai tanto para ler como para criar: uma boa história. E as HQs, por sua vez, trazem o que os move: o entusiasmo pelos quadrinhos, grafados no livro com Q maiúsculo.
Nestes dez anos, desde o surgimento de "10 Pãezinhos", e no meio de tantas mudanças tanto na arte como na narrativa, esta tem sido a maior constante: a paixão pelas HQs.