São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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MÚSICA

Dona Inah, 73, lança seu 2º CD e mira o mundo

"Olha Quem Chega" é dedicado à obra do compositor Eduardo Gudin

"Descoberta" mais de 50 anos após começar a cantar, a sambista almeja fazer carreira internacional para "divulgar a música brasileira"


MÁRIO MOREIRA
DA REDAÇÃO

O reconhecimento, ainda que tardio, impulsiona Dona Inah, 73, a sonhar com vôos muito além do Ó do Borogodó, bar de São Paulo onde se apresenta nas noites de terça-feira.
Ganhadora do Prêmio Tim de Música Brasileira na categoria revelação, em 2005, por seu primeiro CD, "Divino Samba Meu", mais de 50 anos após o início da carreira, a intérprete lança agora um novo trabalho, "Olha Quem Chega", só com músicas do compositor paulistano Eduardo Gudin, 58.
O show de lançamento será amanhã, às 21h, na choperia do Sesc Pompéia.
Três anos atrás, na esteira do prêmio, a veterana sambista se apresentou na França, na Espanha e no Marrocos.
E adorou. "Quero conhecer o resto do mundo e tenho certeza de que vou, não para passear, mas para divulgar a música brasileira", diz Dona Inah, que se declara "realizada, mas só parcialmente".
No novo CD, a cantora paulista interpreta 18 composições de Gudin, incluindo parcerias com nomes como Paulo Vanzolini, Paulinho da Viola e Paulo César Pinheiro. Ela própria escolheu o repertório, pinçado entre mais de 200 músicas.
O resultado final inclui clássicos gudinianos como "Velho Ateu" (parceria com Roberto Riberti), "Ainda Mais" (com Paulinho) e "Maior É Deus" (com Pinheiro). Mas o garimpo trouxe boas surpresas para Dona Inah: ""Longe de Casa" [Gudin/Vanzolini], por exemplo, eu não conhecia", conta.
"Fiz esse trabalho com muito carinho. O Gudin merecia. É um amigo, e as músicas são lindas", diz Dona Inah. Na gravação, ela teve, entre outros, o acompanhamento do Quinteto em Branco e Preto, que tocará com a sambista no lançamento.
Gudin entusiasma-se ao falar de Dona Inah. "É uma intérprete completa. Há quem a considere primitiva, no mau sentido da palavra, mas é muito sofisticada", avalia ele, que prepara com a cantora Leila Pinheiro um CD com músicas suas.
Segundo o compositor, só Fátima Guedes, em 2000, havia gravado um disco todo dedicado à sua obra. "Mas era um projeto meu, com arranjos de orquestra. No caso da Dona Inah, o projeto é dela. E decidi deixar tudo por conta dela, até para não ficar igual ao CD da Leila."
Gudin permitiu-se apenas elaborar o arranjo de "Ainda Mais". "Mesmo assim, só ouvi a música já pronta."
A inclusão de "Longe de Casa" no repertório é destacada pelo compositor. "Só tinha saído num LP meu, em 1977, e faltava alguém mais gravar."
O novo CD é, na verdade, o terceiro trabalho de Dona Inah em estúdio. Do primeiro, um compacto de vinil gravado nos anos 50, com apenas duas músicas, ela mal se recorda.
"Acho que a matriz desapareceu no incêndio da TV Record", afirma a cantora. "Não guardei cópia e nunca encontrei quem tivesse uma", lamenta.

OLHA QUEM CHEGA - DONA INAH
Quando: amanhã, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93; tel.: 00/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 25, em média (CD); R$ 16 (show)
Gravadora: independente (distribuição: Dabliú)
Classificação: não indicado a menores de 18 anos (show)



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