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MÚSICA
Dona Inah, 73, lança seu 2º CD e mira o mundo
"Olha Quem Chega" é dedicado à obra do compositor Eduardo Gudin
"Descoberta" mais de 50 anos após começar a cantar, a sambista almeja fazer carreira internacional para "divulgar a música brasileira"
MÁRIO MOREIRA
DA REDAÇÃO
O reconhecimento, ainda
que tardio, impulsiona Dona
Inah, 73, a sonhar com vôos
muito além do Ó do Borogodó,
bar de São Paulo onde se apresenta nas noites de terça-feira.
Ganhadora do Prêmio Tim
de Música Brasileira na categoria revelação, em 2005, por seu
primeiro CD, "Divino Samba
Meu", mais de 50 anos após o
início da carreira, a intérprete
lança agora um novo trabalho,
"Olha Quem Chega", só com
músicas do compositor paulistano Eduardo Gudin, 58.
O show de lançamento será
amanhã, às 21h, na choperia do
Sesc Pompéia.
Três anos atrás, na esteira do
prêmio, a veterana sambista se
apresentou na França, na Espanha e no Marrocos.
E adorou. "Quero conhecer o
resto do mundo e tenho certeza
de que vou, não para passear,
mas para divulgar a música brasileira", diz Dona Inah, que se
declara "realizada, mas só parcialmente".
No novo CD, a cantora paulista interpreta 18 composições
de Gudin, incluindo parcerias
com nomes como Paulo Vanzolini, Paulinho da Viola e Paulo
César Pinheiro. Ela própria escolheu o repertório, pinçado
entre mais de 200 músicas.
O resultado final inclui clássicos gudinianos como "Velho
Ateu" (parceria com Roberto
Riberti), "Ainda Mais" (com
Paulinho) e "Maior É Deus"
(com Pinheiro). Mas o garimpo
trouxe boas surpresas para Dona Inah: ""Longe de Casa" [Gudin/Vanzolini], por exemplo,
eu não conhecia", conta.
"Fiz esse trabalho com muito
carinho. O Gudin merecia. É
um amigo, e as músicas são lindas", diz Dona Inah. Na gravação, ela teve, entre outros, o
acompanhamento do Quinteto
em Branco e Preto, que tocará
com a sambista no lançamento.
Gudin entusiasma-se ao falar
de Dona Inah. "É uma intérprete completa. Há quem a considere primitiva, no mau sentido
da palavra, mas é muito sofisticada", avalia ele, que prepara
com a cantora Leila Pinheiro
um CD com músicas suas.
Segundo o compositor, só
Fátima Guedes, em 2000, havia
gravado um disco todo dedicado à sua obra. "Mas era um projeto meu, com arranjos de orquestra. No caso da Dona Inah,
o projeto é dela. E decidi deixar
tudo por conta dela, até para
não ficar igual ao CD da Leila."
Gudin permitiu-se apenas
elaborar o arranjo de "Ainda
Mais". "Mesmo assim, só ouvi a
música já pronta."
A inclusão de "Longe de Casa" no repertório é destacada
pelo compositor. "Só tinha saído num LP meu, em 1977, e faltava alguém mais gravar."
O novo CD é, na verdade, o
terceiro trabalho de Dona Inah
em estúdio. Do primeiro, um
compacto de vinil gravado nos
anos 50, com apenas duas músicas, ela mal se recorda.
"Acho que a matriz desapareceu no incêndio da TV Record",
afirma a cantora. "Não guardei
cópia e nunca encontrei quem
tivesse uma", lamenta.
OLHA QUEM CHEGA
- DONA INAH
Quando: amanhã, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93;
tel.: 00/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 25, em média (CD);
R$ 16 (show)
Gravadora: independente (distribuição: Dabliú)
Classificação: não indicado a menores de 18 anos (show)
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