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32ª AMOSTRA DE SP
Crítica/"Se Nada Mais Der Certo"
Brasileiro faz poesia com o desespero urbano
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Não foi por acaso que
"Se Nada Mais Der
Certo" venceu o Festival do Rio deste ano. A poética
do desespero urbano contemporâneo que José Eduardo Belmonte vinha tateando em seus
longas anteriores ("Subterrâneo", "A Concepção", "Meu
Mundo em Perigo") ganha aqui
sua melhor expressão.
A cidade é São Paulo e os personagens são um punhado de
seres descarrilados: um jornalista desempregado e falido
(Cauã Reymond), uma junkie
depressiva (Luiza Mariani), um
taxista cujo pai se matou (João
Miguel) e, por fim, uma garota
masculinizada (a extraordinária Caroline Abras) que passa
cocaína na noite paulistana.
Este último personagem, que
atende pelo nome de Marcin, é
que arrasta os outros para a
contravenção como uma forma
de revide contra o mundo.
A própria cidade -um descampado na Barra Funda, a
passarela da praça das Bandeiras, o calçadão do centro velho- deixa de ser apenas cenário para se integrar à trama.
A fábula dos "quatro heróis"
é citada pela trilha de "Os Saltimbancos". Outra referência
possível é "Os Sete Loucos", romance do argentino Roberto
Arlt em que um grupo de "outsiders" planeja uma revolução.
Enfim, um filme que não tem
cara de telenovela.
SE NADA MAIS DER CERTO
Quando: hoje, às 15h30, no Unibanco
Arteplex 4
Classificação: não indicado a menores
de 16 anos
Avaliação: ótimo
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