São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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32ª AMOSTRA DE SP

Crítica/"Se Nada Mais Der Certo"

Brasileiro faz poesia com o desespero urbano

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Não foi por acaso que "Se Nada Mais Der Certo" venceu o Festival do Rio deste ano. A poética do desespero urbano contemporâneo que José Eduardo Belmonte vinha tateando em seus longas anteriores ("Subterrâneo", "A Concepção", "Meu Mundo em Perigo") ganha aqui sua melhor expressão.
A cidade é São Paulo e os personagens são um punhado de seres descarrilados: um jornalista desempregado e falido (Cauã Reymond), uma junkie depressiva (Luiza Mariani), um taxista cujo pai se matou (João Miguel) e, por fim, uma garota masculinizada (a extraordinária Caroline Abras) que passa cocaína na noite paulistana.
Este último personagem, que atende pelo nome de Marcin, é que arrasta os outros para a contravenção como uma forma de revide contra o mundo.
A própria cidade -um descampado na Barra Funda, a passarela da praça das Bandeiras, o calçadão do centro velho- deixa de ser apenas cenário para se integrar à trama.
A fábula dos "quatro heróis" é citada pela trilha de "Os Saltimbancos". Outra referência possível é "Os Sete Loucos", romance do argentino Roberto Arlt em que um grupo de "outsiders" planeja uma revolução.
Enfim, um filme que não tem cara de telenovela.

SE NADA MAIS DER CERTO
Quando: hoje, às 15h30, no Unibanco Arteplex 4
Classificação: não indicado a menores de 16 anos
Avaliação: ótimo



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