|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Biblioteca Nacional, 200, sofre com excesso de livros
Com mais de 9 milhões de obras, fundação recebe 7.500 títulos por mês
Prédio principal está lotado; livros novos e antigos são alocados em acervo anexo em situação calamitosa
MARCELO BORTOLOTI
DO RIO
A Biblioteca Nacional, que
completa hoje 200 anos, tem
um passado épico. Seu acervo inicial chegou ao Brasil
em 300 caixotes de madeira,
vindos de Portugal a bordo
de três caravelas, nos anos de
1810 e 1811.
Alguns livros eram remanescentes do terremoto de
Lisboa, de 1755. Dois anos antes de chegar ao Rio de Janeiro, o conjunto ficou esquecido no porto durante a fuga da
Família Real.
Sua primeira sede no Brasil foi nas catacumbas de um
hospital. Desde aquela época, por determinação do governo, tudo o que é publicado no país precisa ser arquivado na biblioteca. Este fato,
somado à incorporação de
coleções particulares brasileiras, fez de seu acervo o
maior e mais importante da
América Latina.
Considerada pela Unesco
uma das dez maiores do
mundo, a biblioteca tem uma
coleção de obras raras inigualável no país, com pergaminhos do século 11, livros
com marcas de censura da
Inquisição, manuscritos de
escritores que vão de Balzac
a Machado de Assis, gravuras de pintores famosos e
uma impressionante coleção
de fotografias do século 19.
O tamanho é também seu
ponto vulnerável. A biblioteca recebe 7.500 obras por
mês. Seu acervo já ultrapassou 9 milhões de peças. E a
instituição não tem nem estrutura para lidar com isso.
"O prédio principal já está
lotado", diz o atual presidente, Muniz Sodré. Fotos raras
foram furtadas do acervo em
2005. Livros novos e antigos
estão em situação calamitosa
num prédio anexo, na região
portuária.
Desde 1990, quando se tornou uma fundação, a entidade vem acumulando funções
relacionadas à política cultural. Uma delas é desenvolver
programas de incentivo à leitura e montar bibliotecas no
interior do país, o que envolve uma enorme estrutura logística para compra, estoque
e distribuição.
Sodré diz que, em sua gestão, iniciada em 2005, já
montou 1.856 bibliotecas.
Embora seja bom para o
país, tem sido ruim para a biblioteca, que acaba dedicando esforço de menos em cuidar de seu acervo. No seu bicentenário, a instituição é
mais uma máquina burocrática do que um glamouroso
arquivo de raridades.
Texto Anterior: Última Moda - Vivian Whiteman: Sarah crocodilo Próximo Texto: Prédio anexo com goteiras será reformado com apoio do BNDES Índice | Comunicar Erros
|