São Paulo, Segunda-feira, 29 de Novembro de 1999


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"CUBO"

LÚCIO RIBEIRO
Editor-adjunto da Ilustrada


Quer ver um filme esquisito?
Sem muito destaque, está localizado em algum lugar de sua locadora predileta o filme "Cubo", produção canadense que ganhou festivais de cinema fantástico pelo mundo afora, foi sucesso de público da Mostra de Cinema de São Paulo do ano passado, mas mesmo assim não descolou credenciais suficientes para chegar aos cinemas brasileiros, indo parar direto no vídeo.
História muito sinistra, "Cubo" ("Cube") trata de uma meia-dúzia de pessoas quaisquer que num belo dia acorda... dentro de um cubo.
O filme é ficção científica violenta, surreal e sufocante, que utiliza a estética de videogame para contar como esse grupo de azarados (que não se conhece, não sabe onde está nem por que está) tenta escapar de um labirinto formado por cubos interligados. Para piorar, cada cubo pode guardar uma surpresa assassina.
Então as pessoas acordam dentro do tal cubo...
Um ladrão, um policial, uma médica, um arquiteto, uma estudante de matemática e um autista se ligam que estão em uma enrascada e procuram a saída.
Logo, descobrem que por algum motivo foram escolhidos porque cada um possui uma habilidade especial que, somadas, podem levá-los à fuga daquela situação kafkiana, indo de uma sala cúbica a outra.
O grande problema acaba sendo a convivência nada pacífica entre os membros do grupo, cujo estranhamento os deixa longe da solução do enigma em que foram enfiados.
Com um elenco de anônimos, um diretor desconhecido e orçamento baixíssimo, "Cubo" remete àquele quebra-cabeças infernal chamado cubo mágico, dos anos 80.
Para quem lembra do brinquedo, um paralelo com o filme seria algo como se as pessoas estivessem dentro de um dos quadradinhos daquele cubo, em constante movimento. Mas é bem pior, na verdade
Afogando em números, logo a estudante de matemática vai ser a personagem-chave do grupo.
Ela vai descobrir, por a + b (boa essa!), que o cubo tem 17.576 salas. E que cada sala é identificada por três números. E que cada um desses três números tem três dígitos. E que esses três números escondem um código que permite saber qual sala na verdade é uma armadilha, qual é a sala inicial (onde eles acordaram) e qual sala, na bagunça vetorial, vai ter a porta de saída do pesadelo.
Já parou de ler?
Trocando os números por palavras, "Cubo" mostra a busca pelo sentido da vida, com uma roupagem de filme de terror. É Sartre, Kafka e Stephen King, tudo junto.
É complicado, estranho, meio "freak". Mas instiga e diverte.

Avaliação:   

Vídeo: Cubo Título original: Cube Produção: Canadá, 1997 Distribuição: Imagem Filmes (tel. 0/xx/ 11/5505-6469)

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