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CRIAÇÃO VIRTUAL
Festival internacional da Red Gate Gallery (Pequim) conta com 76 integrantes, dos quais seis são do Brasil
Artistas brasileiros discutem arte e tecnologia na China
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
Artistas tridimensionais, interativos, computacionais, tecnológicos e afins estão reunidos desde
anteontem em Pequim para discutir a relação entre arte e tecnologia e o impacto das novas invenções sobre a percepção humana.
Entre os 76 integrantes do grupo, há seis artistas brasileiros, que
há anos exploram a interação entre inovação tecnológica e arte.
Kátia Maciel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, teve seu
trabalho selecionado para a exposição de 10 dos 76 artistas que foi
aberta anteontem na Red Gate
Gallery, na capital chinesa.
Durante três dias, esses artistas e
cientistas de áreas como biologia
e nanotecnologia apresentarão
seus trabalhos, discutirão seus
conteúdos e tentarão avançar nessa cada vez mais íntima relação
entre arte e tecnologia.
Mas um dos objetivos mais importantes dessa reflexão é averiguar como as inovações afetam a
maneira de as pessoas perceberem, reconhecerem e sentirem o
mundo exterior, afirma Roy Ascott, fundador e diretor do Planetary Collegium, nome da instituição que promove o encontro internacional de artistas computacionais ou tecnológicos.
O Planetary Collegium surgiu
do Center for Advanced Inquiry
in the Interactive Arts, que Ascott
havia criado em 1997, na Universidade de Wales. Hoje, ele está na
Universidade de Plymouth, também na Grã-Bretanha.
A conferência de Pequim é a
sexta promovida por Ascott, todas com o título "Consciousness
Reframed", algo como consciência reestruturada.
Ascott afirma que é crescente a
participação de brasileiros nas
conferências e exibições sobre esse tipo de arte e lembra que um
dos eventos do grupo foi realizado no Itaú Cultural, há quatro
anos.
A mesma instituição realiza a
cada dois anos o seminário "emoção art.ficial", que tem como tema
arte e tecnologia. "É impossível ir
a um evento sobre arte digital
atualmente sem encontrar brasileiros", diz Ascott.
O trabalho de Kátia Maciel que
integra a exposição em Pequim é
intitulado "Ginga Eletrônica" e é
uma versão mais modesta de uma
obra com mesmo título que ela
apresentou neste ano em Porto
Alegre, no Santander Cultural.
Projetado no piso da galeria, o
trabalho tem imagens de lutadores de capoeira filmadas com uma
câmera colocada na cabeça do outro lutador -a própria Kátia. O
resultado é uma mudança na percepção de espaço e dos limites do
movimento.
Malu Fragoso, da Universidade
de Brasília, realiza pesquisas sobre arte na internet e afirma que
toda a discussão na conferência é
extremamente interdisciplinar e
que as possibilidade de criação
nesse terreno são inúmeras -arte computacional, criação de
mundos em três dimensões, interatividade, sistemas de jogos etc.
O trabalho que ela apresentará é
resultado de uma viagem de 20
mil quilômetros pelo Norte, Nordeste e centro do Brasil, durante a
qual foram feitas cerca de 5.000
imagens. Chamado de tracaja-e.net, o projeto reuniu 666 dessas
imagens na internet.
Tania Fraga, que acaba de se
aposentar da Universidade de
Brasília, apresentará obra que coloca tecnologias extremamente
sofisticadas ao lado de outras rudimentares. Sua instalação reúne
nanotecnologia e borracha produzida por pequenas comunidades da Amazônia.
Os outros brasileiros que participam da conferência em Pequim
são da Universidade de São Paulo,
Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo e Universidade
Anhembi-Morumbi.
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