São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Diretor de Veneza critica a Berlinale

Para Luigi Cuciniello, festival de cinema alemão tem baixa qualidade por exibir filmes que já estrearam

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde 2000 à frente da organização do Festival de Veneza, ao lado do diretor artístico Marco Müller, o genovês Luigi Cuciniello, 46, não hesita em diferenciar o evento italiano de seus dois principais "concorrentes" na França e Alemanha:
"Hoje em dia, Berlim e Cannes são mais parecidos entre si, Veneza é mais distinto. A razão fundamental é que os outros dois têm um mercado. Não apresentam só filmes selecionados por um diretor artístico mas também muitas produções cuja exibição é paga. Já Veneza, tem como característica principal a qualidade, não há "business'", diz o diretor à Folha.
Cuciniello lembra que Veneza, criado em 1932, é o mais antigo dos festivais, e o fato de ser organizado pela Fundação Bienal de Veneza garantiria seleções que primam pela pesquisa e experimentação.
"Daí o festival ter dado mais espaço para o cinema político no passado. Berlim também o fez, mas não por questão de identidade, e sim de posição geográfica. Quando ainda havia o muro, a cidade era a porta de acesso de todo o mundo do leste, do oriente, para a Europa. Mas, em termos de qualidade, é o de mais baixa. Às vezes, exibe filmes que já estrearam na Europa e na própria Alemanha."

Mostra italiana
Cuciniello participou da seleção de filmes da 4ª edição da mostra Venezia Cinema Italiano -iniciativa da Embaixada da Itália no Brasil-, em cartaz em São Paulo até amanhã e que passa ainda pelo Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Recife.
Segundo ele, o programa espelha várias tendências do cinema italiano, com jovens como Marco Bechis (na mostra com "Terra Vermelha"), consagrados como Ferzan Ozpetek ("Un Giorno Perfetto") e ainda diretores que lograram filmes de qualidade com baixo orçamento, como Gianni Di Gregório ("Almoço de Agosto").
Para Cuciniello, uma tendência comum no cinema recente italiano é a tentativa de "evitar filmes que não dialoguem com o público, de não fazer algo apenas auto-referente", o que seria fundamental para concorrer com a invasão de blockbusters americanos.
"Há uma nova consciência entre os diretores. Temos, é claro, os de grande qualidade, como Nanni Moretti, Gianni Amelio e Bernardo Bertolucci. Mas surgiu outra geração que, sem deixar de fazer um cinema de qualidade, não se esqueceu do público", diz Cuciniello.
Ele lamenta somente a falta da "capacidade" que havia no passado de fazer comédias populares e de autor, caso de Dino Risi, falecido em julho aos 91, e homenageado na mostra. (ES)


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