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"ACERVO DA MÚSICA BRASILEIRA"
Projeto termina arqueologia musical
ARTICULISTA DA FOLHA
Agora que o projeto "Acervo
da Música Brasileira" entrega a terceira e última parte, pode-se dizer que foi impecável do início ao fim. Servirá de modelo para
toda empreitada similar de restauração da nossa memória musical; e deveria mesmo servir de estímulo para que outros pesquisadores e artistas ponham mãos às
obras -da música colonial ao
samba do Bixiga, do maracatu de
Minas a Radamés Gnatalli e Almeida Prado. Quase tudo está para ser estudado e/ou grafado e/ou
gravado.
Neste caso, foram ao todo 51
composições para cerimônias religiosas, na coleção do Museu de
Música de Mariana, de autores do
século 18 e 19 como José Maurício
Nunes Garcia (1767-1830) e Lobo
de Mesquita (1746?-1805), sem falar no prolífico Anônimo. Sob a
coordenação geral de Eleonora
Santa Rosa, com a "expertise"
musicológica de Paulo Castagna e
a direção editorial de Carlos Alberto Figueiredo, as obras foram
registradas em CD e exemplarmente editadas em partitura, com
minucioso aparato crítico e notas
(disponíveis no site do museu).
O ponto alto do lote está nas
profundezas da "Música Fúnebre", interpretada pelo Conjunto
Calíope e a Orquestra Santa Rosa,
regidos por Julio Moretzsohn.
Sem desfazer do excelente Coral
de Câmara São Paulo e da Orquestra Engenho Barroco, regidos por Naomi Munakata ("Ladainha de Nossa Senhora"); nem
do maestro Rafael Grimaldi e seu
grupo Árcade ("Devocionário Popular aos Santos"). É que nem
sempre o repertório se alça para
além do interesse de época. Mas
nos "Responsórios Fúnebres" de
Castro Lobo e "Mementos" de
Nunes Garcia a música atinge outro nervo. Memória e música se
fundem noutro plano, quando a
música é ao mesmo tempo a memória arqueológica de si e a restauração eterna de nossa própria
morte.
(AN)
Restauração e Difusão de
Partituras Vols. 7, 8 e 9
Lançamento: independente
Quanto: R$ 60 (os três CDs)
(www.mmmariana.com.br
Patrocinador: Petrobras
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