|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gullar, João Cabral e Machado ganham caixas
Os três autores motivam os lançamentos de compilações representativas realizadas pela editora Nova Aguilar
De Gullar, caixa traz a reedição do primeiro livro, lançado quando ele tinha 19 anos, além da reprodução de um poema inédito
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
O poeta Ferreira Gullar, colunista da Folha, brinca com a
novidade de ter boa parte de
sua obra pela primeira vez reunida em um só volume. "Quando recebi o livro, e vi minha cara, eu disse: "Não acredito,
quem é essa figura numa coleção de clássicos da Nova Aguilar?'", diz Gullar, que divide
com Machado de Assis (1839-1908) e João Cabral de Melo
Neto (1920-1999) a trinca de
lançamentos da editora neste
fim de ano.
O volume dedicado a Gullar
tem, entre as novidades, "Um
Pouco Acima do Chão", livro de
estréia, que ele lançou aos 19
anos, no Maranhão, e considera "imaturo": "Quando escrevi,
ainda tinha formação parnasiana, falava em decassílabos ainda. Eu estou ali, não nego, mas
ainda chupando dedo".
O livro nunca havia sido reeditado comercialmente. Quem
convenceu o poeta da inclusão,
ainda que num apêndice, foi o
acadêmico Antonio Carlos Secchin, responsável por prefácio,
organização e estabelecimento
de texto do volume. "Documentalmente, era importante a
inclusão. Decidimos que o livro
viria como "Apêndice", fora do
conjunto principal, mas ao alcance do leitor", diz Secchin.
O volume com a obra de Gullar traz ainda a reprodução do
manuscrito do poema inédito
"Uma Corola", que será lançado em 2009, pela editora José
Olympio, no livro "Em Alguma
Parte Alguma". O último livro
inédito de poemas de Gullar foi
"Muitas Vozes", publicado há
quase dez anos. O lançamento
da Nova Aguilar tem ainda dois
textos teatrais "rigorosamente
inéditos", segundo Secchin:
"Um é bem recente. O outro,
"Romance Nordestino", é de
1983, uma peça engraçadíssima, mergulhada na linguagem
e na cultura populares".
Secchin também é responsável pela introdução, organização, notas e estabelecimentos
de texto de "Poesia Completa e
Prosa", de João Cabral de Melo, que traz modificações em
relação à edição de 1994. "Entre os inéditos, além de poemas, incluí a transcrição de
uma interessantíssima palestra, com debates, que João Cabral proferiu na Faculdade de
Letras da UFRJ, em 1993."
Machado
Em homenagem ao centenário de morte do Bruxo do Cosme Velho, a Nova Aguilar lançou recentemente a "Obra
Completa de Machado de Assis". A edição anterior é de 1959
e foi organizada por Afrânio
Coutinho. Agora, acrescida de
um quarto volume, a caixa organizada por Aluizio Leite, Ana
Lima Cecílio e Heloisa Jahn
traz textos que foram reconhecidos como sendo de Machado
no período.
Ou retira alguns atribuídos a
ele, e que posteriormente tiveram sua autoria reconhecida.
Caso de "Queda que as Mulheres Têm Para os Tolos" (1861),
atribuído a Machado até que o
professor e ensaísta francês
Jean-Michel Massa afirma ter
descoberto o original que o brasileiro traduziu.
A fortuna crítica traz "novidades", como um texto do crítico Antonio Candido, ainda não
escrito quando Coutinho organizou a edição de 1959. A bibliografia foi também atualizada com trabalhos publicados
neste ano por conta do centenário de morte do autor. E o
conjunto de textos reconhecidos como sendo de autoria de
Machado aumentou: o número
de páginas total passou de
3.600 para 6.000.
A seção de Crônicas passou
de 210 para 610 textos. Segundo o editor Sebastião Lacerda,
da Nova Aguilar, apenas as seções Romance e Correspondência não foram modificadas.
Texto Anterior: Livros esclarecem mudanças Próximo Texto: Trecho Índice
|