São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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O evento Darkness

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Em um mundo dominado pelo Darkness, a banda farofa mais legal dos últimos tempos, você vê o nome dos caras por todos os lugares. Vê gente que não sabe do que está falando falando deles. Vê gente que não gosta deles falando que não gosta deles, só para falar que não gosta deles.
Uns estão rindo do Darkness. Outros estão rindo também, de nervoso. O negócio é que há uma necessidade tremenda de falar, hoje, do Darkness. O Darkness também está rindo. A banda do figura Justin Hawkins já é o Kiss destes dias. E o Queen, num lado mais "poético".
Pastiches de bandas do velho metal, a pasteurização do hairmetal, eles são um grupo "para cima". Ultracafonas, eles foram citados pela descolada revista "Nylon" como o item número um nas "dez coisas que fazem a Inglaterra ser o melhor lugar do mundo hoje". O Darkness tem músicas horrorosas, de falsetes descarados que até doem. Mas tem outras ótimas, como o hit "I Believe in a Thing Called Love", a "romântica" "Love Is Only a Feeling", entre outras.
O álbum de estréia do Darkness, "Permission to Land", acabou de ser lançado no Brasil. Para você não ficar rindo à toa, dá uma olhada no Darkness como evento, não só como banda. Eles já foram bastante citados por aqui. E tenho impressão que eles vão ter longa vida na coluna. "Permission..." foi lançado no final do ano nos EUA e não havia vendido nem 150 mil cópias antes de começar a sair nas revistas. Deve melhorar quando a turnê de 20 shows atingir a América, em março.
Tem uma história curiosa que, quando as músicas deles começaram a tocar nas rádios de rock americanas, choveram alguns elogios e muitas reclamações. Muitas. A reação foi tão extrema que os programadores das emissoras resolveram "bancar" a banda mesmo assim, por achar que alguma coisa está acontecendo por causa do Darkness.

Ei, você!
Em um mundo dominado pelo hip hop, é um absurdo o que tem feito o Outkast, tanto cá quanto lá. A cada sopro de "Hey Ya", a banda volta ao primeiro lugar na "Billboard", em álbuns vendidos. Desde que o CD duplo classe "Speakerboxxx/The Love Below" foi lançado nos EUA, há uns quatro meses, ele já freqüentou por sete vezes o topo, contagem bacana por ser um álbum duplo.
Enquanto isso, "Hey Ya" é "vendida" nas rádios daqui com uma empolgação assombrosa. O hit hip hop tem até vinheta na 89 FM, rádio rock. É a globalização dos gêneros. A mistura que rolou nas pistas do mundo no ano passado atinge as rádios brasileiras, finalmente. Informaram-me que quase todo dia "Hey Ya" toca no "Big Brother". Minha sobrinha já sabe cantar, do jeito dela. Depois pára e volta a ouvir o KLB. Outkast e KLB. Uma amiga que ama o Charlie Brown Jr. e tolera o Jota Quest veio pedir o disco "daquela música", para mim. Onde essa "Hey Ya" vai parar?

Músicas da semana
*Graham Coxon, "Freakin" Out". Deliciosa canção nova do grande ex-guitarrista do Blur. Já o melhor som de guitarra do ano, bem típico de quem fez "Song 2".
*Obie Trice, "The Set Up". Chegado do Eminem e do 50 Cent.
*Fiery Furnaces, "Tropical Ice Land". Eles são de Nova York. Eles são uma dupla de irmãos. Tudo o que o White Stripes não é. A música é do álbum que já saiu, mas chega como single em fevereiro. Garagem ensolarada.

lucio@uol.com.br


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