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O evento Darkness
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Em um mundo dominado pelo
Darkness, a banda farofa
mais legal dos últimos tempos,
você vê o nome dos caras por todos os lugares. Vê gente que não
sabe do que está falando falando
deles. Vê gente que não gosta deles falando que não gosta deles, só
para falar que não gosta deles.
Uns estão rindo do Darkness.
Outros estão rindo também, de
nervoso. O negócio é que há uma
necessidade tremenda de falar,
hoje, do Darkness. O Darkness
também está rindo. A banda do figura Justin Hawkins já é o Kiss
destes dias. E o Queen, num lado
mais "poético".
Pastiches de bandas do velho
metal, a pasteurização do hairmetal, eles são um grupo "para cima". Ultracafonas, eles foram citados pela descolada revista
"Nylon" como o item número um
nas "dez coisas que fazem a Inglaterra ser o melhor lugar do mundo hoje". O Darkness tem músicas horrorosas, de falsetes descarados que até doem. Mas tem outras ótimas, como o hit "I Believe
in a Thing Called Love", a "romântica" "Love Is Only a Feeling", entre outras.
O álbum de estréia do Darkness,
"Permission to Land", acabou de
ser lançado no Brasil. Para você
não ficar rindo à toa, dá uma olhada no Darkness como evento, não
só como banda. Eles já foram bastante citados por aqui. E tenho
impressão que eles vão ter longa
vida na coluna. "Permission..." foi
lançado no final do ano nos EUA
e não havia vendido nem 150 mil
cópias antes de começar a sair nas
revistas. Deve melhorar quando a
turnê de 20 shows atingir a América, em março.
Tem uma história curiosa que,
quando as músicas deles começaram a tocar nas rádios de rock
americanas, choveram alguns
elogios e muitas reclamações.
Muitas. A reação foi tão extrema
que os programadores das emissoras resolveram "bancar" a banda mesmo assim, por achar que
alguma coisa está acontecendo
por causa do Darkness.
Ei, você!
Em um mundo dominado pelo
hip hop, é um absurdo o que tem
feito o Outkast, tanto cá quanto lá.
A cada sopro de "Hey Ya", a banda volta ao primeiro lugar na
"Billboard", em álbuns vendidos.
Desde que o CD duplo classe
"Speakerboxxx/The Love Below"
foi lançado nos EUA, há uns quatro meses, ele já freqüentou por
sete vezes o topo, contagem bacana por ser um álbum duplo.
Enquanto isso, "Hey Ya" é
"vendida" nas rádios daqui com
uma empolgação assombrosa. O
hit hip hop tem até vinheta na 89
FM, rádio rock. É a globalização
dos gêneros. A mistura que rolou
nas pistas do mundo no ano passado atinge as rádios brasileiras,
finalmente. Informaram-me que
quase todo dia "Hey Ya" toca no
"Big Brother". Minha sobrinha já
sabe cantar, do jeito dela. Depois
pára e volta a ouvir o KLB. Outkast e KLB. Uma amiga que ama o
Charlie Brown Jr. e tolera o Jota
Quest veio pedir o disco "daquela
música", para mim. Onde essa
"Hey Ya" vai parar?
Músicas da semana
*Graham Coxon, "Freakin"
Out". Deliciosa canção nova do
grande ex-guitarrista do Blur. Já o
melhor som de guitarra do ano,
bem típico de quem fez "Song 2".
*Obie Trice, "The Set Up". Chegado do Eminem e do 50 Cent.
*Fiery Furnaces, "Tropical Ice
Land". Eles são de Nova York.
Eles são uma dupla de irmãos.
Tudo o que o White Stripes não é.
A música é do álbum que já saiu,
mas chega como single em fevereiro. Garagem ensolarada.
lucio@uol.com.br
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