|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUÍDO
Negra Li na indústria
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria fonográfica finalmente captura o hip hop nacional, e o faz no feminino: a Universal contratou ontem a rapper Negra Li, 24, nascida e domiciliada na Vila Brasilândia, na zona Norte paulistana.
É o primeiro caso de contratação de um rapper por uma multinacional após a rápida e acidentada passagem de Xis pela Warner. Negra Li, codinome de
Liliane de Carvalho, é a primeira
mulher nessa situação -a carioca Nega Gizza ganhou notoriedade nacional em 2002, mas
em produção independente.
O diretor artístico da Universal, Max Pierre, diz que a atenção da gravadora foi despertada
pela participação de Negra Li no
"Acústico MTV" do Charlie
Brown Jr. e num encontro musical com Zeca Pagodinho. Antes
disso, ela atuara, ao longo dos
últimos oito anos, junto ao grupo paulistano de rap RZO -nenhuma gravadora notou.
"Ela tem uma força que a gente não vê no hip hop nacional.
Pode vir a ser uma Beyoncé,
uma Erykah Badu", diz Pierre, já
procurando transcender a ligação da artista com o hip hop.
Fã de jazz, samba, black music, MPB, Elis Regina e Lauryn
Hill, Negra Li adota postura cuidadosa: "Meu grande sonho,
que é fazer meu disco solo, não
está concretizado. Ainda estou
estudando música, teoria musical, aprendendo a compor".
É que ela impôs à Universal
um contrato em dupla, com o
rapper (nascido na Bahia) Helião, 35, líder do RZO agora de
saída do grupo. Contrariando a
idéia inicial da Universal, os dois
deverão assinar o primeiro trabalho como Helião & Negra Li.
"Vamos respeitar o que eles
falam. A idéia é dar acabamento
ao discurso deles", diz Pierre.
O NÃO-LANÇAMENTO
A imagem que ficou do
Trio Esperança foi a de um
grupo infanto-juvenil que,
na jovem guarda dos 60,
cantava bobeiras como "Festa do Bolinha" e "Gasparzinho". Pois depois a (grande)
cantora Evinha saiu para
carreira solo e o trio seguiu
adiante, com os manos Mário, Regininha e Marizinha.
Entre seus afiados LPs estava
este "Trio Esperança", de 74,
com riquezas do samba-soul
como "Arrasta a Sandália",
"Replay" ("é gol/ o meu time
é a alegria da cidade") e "Vamos Sacudir". O liquidificador batia até marchinha de
Carnaval ("Ta-Hi!") e rock
rural ("Zepelin", lançado
por Sá, Rodrix & Guarabyra). Era supimpa. Os irmãos
Corrêa se exilaram na Europa. O catálogo é Odeon, a
proprietária é a EMI.
COMITIVA HIP HOP
O rapper carioca MV Bill e
seu empresário, Celso
Athayde, arquitetam visita do
hip hop ao presidente Lula,
com intermediação de Frei
Betto e dos políticos petistas
Aloizio Mercadante e Jorge
Bittar. O grupo tenta agendar o
encontro para início de
fevereiro.
27 ESTADOS
Bill e Athayde querem enviar
a Brasília representantes do
movimento em 27 Estados
(por São Paulo, iriam Rappin"
Hood e Ferréz). "Tivemos
reuniões com Lula quando ele
era candidato. Como
presidente, não nos acenou
nada até agora. Queremos
saber se acha que o movimento
tem alguma importância ou se
somos bandidos", diz Athayde.
OURO REBAIXADO
Índice de crise, a classificação
de discos de ouro, platina e
diamante pela ABPD caiu pela
metade. Antes, quem vendia
100 mil cópias levava disco de
ouro -agora precisa vender
só 50 mil. "De forma alguma é
rebaixamento, a música
brasileira continua forte", diz o
diretor-geral da ABPD, Paulo
Rosa, explicando que se trata
de adaptação normal ao novo
tamanho do mercado.
psanches@folhasp.com.br
Texto Anterior: DJs criam cooperativa on-line Próximo Texto: Música/lançamentos - Lições do prof. Jack: School of Rock - Trilha Sonora Índice
|