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Crítica
"Planeta" capta bem aura napoleônica
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O cinema parece nunca ter
estado à altura de Napoleão Bonaparte (1769-1821). Não por
deixar de reproduzir fielmente
a sua vida (até porque isso não é
função dos filmes, e sim dos
historiadores), mas talvez por
não captar efetivamente seus
dramas, suas humanidades.
Napoleão foi um típico personagem do romantismo da virada do século 18 para o 19. Trágico e contraditório, destilava
paixões em suas mais cerebrais
empreitadas políticas. Ele foi
quem levou à frente os ideais da
Revolução Francesa, ao mesmo
tempo em que a desvirtuou
com seu absolutismo no poder.
E em qual filme isso está? No
genial "Napoleon" (1927), de
Abel Gance? No burocrático
"Waterloo" (1970), de Sergei
Bondarchuk? Na afetação de
Marlon Brando em "Desirée: O
Amor de Napoleão" (1954)? Ou
no quadrado "Monsieur N."
(Telecine Cult, 22h), que o
mostra mais como um coitado
no seu (emblemático) exílio na
ilha de Santa Helena?
Que nada. Há muito mais de
Bonaparte num filme como
"Planeta dos Macacos" (Telecine Action, 22h), de Tim
Burton. Assim como o líder
francês, o general Thade carrega suas paixões, desilusões,
dramas e tragédias. Este macaco ama loucamente sua nação,
e, para mantê-la coesa e avante,
tem de ser um pai severo, às vezes açoitando e lançando seu
amado povo nas mais brutais
aventuras militares. Thade faz
o amor com a guerra, como o
"grande corso" francês, Napoleão Bonaparte.
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