São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

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Crítica

"Planeta" capta bem aura napoleônica

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O cinema parece nunca ter estado à altura de Napoleão Bonaparte (1769-1821). Não por deixar de reproduzir fielmente a sua vida (até porque isso não é função dos filmes, e sim dos historiadores), mas talvez por não captar efetivamente seus dramas, suas humanidades.
Napoleão foi um típico personagem do romantismo da virada do século 18 para o 19. Trágico e contraditório, destilava paixões em suas mais cerebrais empreitadas políticas. Ele foi quem levou à frente os ideais da Revolução Francesa, ao mesmo tempo em que a desvirtuou com seu absolutismo no poder.
E em qual filme isso está? No genial "Napoleon" (1927), de Abel Gance? No burocrático "Waterloo" (1970), de Sergei Bondarchuk? Na afetação de Marlon Brando em "Desirée: O Amor de Napoleão" (1954)? Ou no quadrado "Monsieur N." (Telecine Cult, 22h), que o mostra mais como um coitado no seu (emblemático) exílio na ilha de Santa Helena?
Que nada. Há muito mais de Bonaparte num filme como "Planeta dos Macacos" (Telecine Action, 22h), de Tim Burton. Assim como o líder francês, o general Thade carrega suas paixões, desilusões, dramas e tragédias. Este macaco ama loucamente sua nação, e, para mantê-la coesa e avante, tem de ser um pai severo, às vezes açoitando e lançando seu amado povo nas mais brutais aventuras militares. Thade faz o amor com a guerra, como o "grande corso" francês, Napoleão Bonaparte.


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