São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 2010

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Mudança de alguns termos já é consenso

DA REPORTAGEM LOCAL

A discussão sobre a tradução da obra de Freud é quase tão antiga quanto a própria psicanálise. Freud se preocupava com a clareza dos seus textos, que serviam à divulgação. O seu estilo já foi chamado de "prosa científica" e a qualidade literária de seu texto rendeu o Prêmio Goethe, em 1930.
Atualmente existe uma tendência majoritária de se revisar as traduções antigas para expurgar os excessos da terminologia técnica, que serviram no passado para conquistar respeitabilidade e reconhecimento na comunidade científica.
Os esforços mais radicais nesse sentido acontecem no Reino Unido, que tem tradição empirista. No Brasil, é avançada a discussão sobre a revisão do texto freudiano. Além de Marilene Carone, que antes de morrer em 1988 já propunha esse trabalho, o psicanalista Luiz Alberto Hanns coordena uma retradução de obras essenciais freudianas também guiado por esse critério. Para isso, utilizou teses de seu "Dicionário Comentado do Alemão de Freud" (Imago, 1996).
"No Brasil se usava a opção francesa ou inglesa de maneira apaixonada", diz Hanns. Os três volumes de "Escritos sobre a Psicologia do Inconsciente", a seu cargo, já foram lançados.
Termos adotados pela nova tradução de Paulo César de Souza, como "eu" (no lugar de "ego"), já são praticamente consenso. "Boa parte da comunidade já usa "eu". Os franceses já usavam", diz Hanns.
As discussões devem continuar, já que nos próximos anos novas traduções serão lançadas. A L&PM está publicando "O Mal-Estar na Cultura" e "O Futuro de uma Ilusão", com tradução de Renato Zwick.
(MS)


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