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POP francês
Quinto maior mercado de discos no mundo, a França está produzindo um pop vigoroso e um rap com linguagem própria que, infelizmente, não chega ao Brasil
Mc Solaar
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Reportagem Local
Estrela mais reluzente da música
mais importante na França hoje,
Mc Solaar é o astro do rap francês.
Um pouco graças a Solaar, a
França -o quinto maior mercado
fonográfico do mundo, logo à
frente do Brasil- se tornou a segunda pátria do rap. Depois dos
EUA, ela é o país onde mais se consume e produz rap.
O primeiro disco de Solaar,
"Qui Sème Le Vent Récolte Le
Tempo", de 1991, foi o primeiro
grande sucesso francês do gênero
no país e no resto da Europa. O CD
trazia alguns hits como "Caroline", "Bouge de Lá (Part. 1)" e
vendeu 500 mil cópias na França.
Lançado no final do ano, o terceiro e último disco, "Paradisiaque", consolida sua posição, embora não consiga repetir o impacto
de sua estréia.
A inflação de grupos de rap nos
últimos anos congestionou as paradas musicais.
Na França, 1997 foi o ano do
IAM. Dois anos antes, o rap suingado do grupo Alliance Ethnik liderou as paradas com
"Simple & Funky", rebocado pelo sucesso "Honesty & Jalousie (Fais Un
Choix Dans La Vie)".
E há o NTM (abreviação
para Nique Ta Mère, expressão chula para ato sexual com a mãe), que ganhou as manchetes dos
jornais com seus problemas com a polícia por causa de suas letras.
Solaar tem que disputar
um lugar ao sol com todos.
Mas com um estilo que
não traz mais o mesmo
frescor da novidade quanto antes. Ele produz por
um rap doce, sutil, por vezes bem-humorado, geralmente melancólico, e sempre cheio de citações e
apropriações -o que o
torna um pouco pós-moderno e nem sempre de fácil digestão.
Mas, ponto falho apontado por muitos, Solaar
não se posiciona politicamente em suas letras. Isso
em um momento em que
os conflitos nos subúrbios
-berço da maioria dos
grupos- se politizam cada vez mais. Nascido em
Dakar, no Senegal, em
1969, como Claude M'Barali, Solaar chegou à França no ano seguinte. Seus
pais foram morar em um
subúrbio de Paris -Villeneuve-Saint-Georges. É essa realidade que costumava cantar mais
nos discos precedentes.
É o caso da faixa título do último
disco "Paradisiaque" é uma das
melhores. Fora essas, "Zoom" e
"Les Boys Bandent" são outros
momentos de brilho.
Um pouco tardiamente, a PolyGram abriu os olhos para a qualidade do trabalho de Solaar -melhor que a maioria do lixo rap made in USA que a indústria fonográfica despeja no mercado brasileiro.
A PolyGram lança "Paradisiaque" em março. Poucos discos do
gênero chegam aqui vindos da
França. O duo Mellowman foi uma
agradável exceção há dois anos.
Agora chegou a vez dos consumidores brasileiros abrirem os ouvidos para o som da França.
Disco: Paradisiaque
Artista: Mc Solaar
Lançamento: PolyGram (importado)
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