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ÓPERA
Estréia hoje produção do núcleo de música antiga da USP; no fim de abril será a vez da montagem do Teatro Municipal
São Paulo terá dois "Orfeus" em um mês
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pois que desta vez Nova York,
Londres e Berlim morram de inveja. São Paulo terá em um mês
duas montagens de "Orfeu", de
Cláudio Monteverdi (1567-1643),
a mais antiga ópera do repertório .
Ela foi encenada em 1607.
A primeira estréia hoje, no Teatro São Pedro. É uma produção
em três récitas (também sábado e
domingo), do Núcleo de Música
Antiga da ECA-USP, com direção
musical de Mônica Lucas e regência de José Roberto de Paulo.
A segunda estreará mais para
frente, no dia 29, e terá cinco récitas no Teatro Municipal. Trará a
Orquestra Sinfônica Municipal,
regida por Mara Campos.
Orfeu é um personagem fundamental na mitologia e na música.
No mínimo três dezenas de óperas o tomaram como tema. Excetuada também a de Glück (1762),
as demais foram com o tempo
completamente esquecidas.
Monteverdi conta, com "A fábula de Orfeu", a história do semideus e músico que perde a mulher, Eurídice, já nos festejos de
suas bodas. Orfeu tenta retomá-la
do reino dos mortos. Mas não
cumpre a promessa de não olhar
para trás, para se certificar de que
ela o segue, em silêncio, no trajeto
de volta ao mundo dos vivos. Acaba então por perdê-la de vez.
A montagem do teatro São Pedro chegou a ser apresentada em
novembro do ano passado. É um
espetáculo engenhoso. Excetuados Mário Sevílio, no papel título,
Caio Monteiro (Apolo), e Márcia
Regina Soldi, que é professora, os
demais cantores são bons amadores e alunos da universidade.
O mesmo vale para o maestro e
para o diretor cênico, Diego José
Villar. O drama é dirigido a partir
do olhar. "Os espíritos não têm
olhos, estão no inferno. A Mensageira tem os olhos cobertos, porque a realidade é muito dura de
enxergar. A Esperança ilumina o
caminho do Orfeu. Ela tem um
olhar mais brilhante", diz Márcia
Soldi, a preparadora das vozes
que também participa do elenco,
como A Música, no prólogo, e no
papel de Proserpina.
"As vozes precisaram ser trabalhadas com ênfase nos ornamentos", diz também ela.
"Orfeu" será a primeira das 11
óperas a serem montadas este ano
no Teatro São Pedro, que está sob
a bem-vinda gestão da Associação Paulista de Amigos da Arte,
uma organização social ligada à
Secretaria do Estado da Cultura.
As próximas produções serão
"Caixeiro da Taverna", de Guilherme Bernstein, no final de
abril, e "I Capuleti e i Montecchi"
(as famílias inimigas do drama de
Romeu e de Julieta), de Vincenzo
Bellini.
Na produção de "Orfeu" do
Teatro Municipal, diz o diretor
cênico João Malatian, o enredo é
transportado para a época moderna. Não é uma serpente que
mata Eurídice, mas um homem
sedutor que inutilmente tenta
roubá-la do marido. E Orfeu não
viaja até o reino dos mortos. Tudo
é puro delírio e fantasia.
Orfeu
Regência: José Roberto de Paulo
Direção musical: Mônica Lucas
Quando: hoje e sábado, às 20h30;
domingo, às 17h
Onde: Teatro São Pedro (r. Barra Funda,
171, tel. 0/xx/11/3667-0499)
Quanto: de R$ 10 a R$ 40
Orfeu
Regência: Mara Campos
Direção cênica: João Malatian
Cenários e figurinos: Naum Alves de
Souza
Quando: dias 29/4, 3/5 e 5/5, às 20h30;
1/5 e 7/5, às 17h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo, s/nº, tel. 0/xx/11/3222-8698)
Quanto: de R$ 20 a R$ 40 (preço
indefinido para a récita do dia 1º)
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