São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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ÓPERA

Estréia hoje produção do núcleo de música antiga da USP; no fim de abril será a vez da montagem do Teatro Municipal

São Paulo terá dois "Orfeus" em um mês

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pois que desta vez Nova York, Londres e Berlim morram de inveja. São Paulo terá em um mês duas montagens de "Orfeu", de Cláudio Monteverdi (1567-1643), a mais antiga ópera do repertório . Ela foi encenada em 1607.
A primeira estréia hoje, no Teatro São Pedro. É uma produção em três récitas (também sábado e domingo), do Núcleo de Música Antiga da ECA-USP, com direção musical de Mônica Lucas e regência de José Roberto de Paulo.
A segunda estreará mais para frente, no dia 29, e terá cinco récitas no Teatro Municipal. Trará a Orquestra Sinfônica Municipal, regida por Mara Campos.
Orfeu é um personagem fundamental na mitologia e na música. No mínimo três dezenas de óperas o tomaram como tema. Excetuada também a de Glück (1762), as demais foram com o tempo completamente esquecidas.
Monteverdi conta, com "A fábula de Orfeu", a história do semideus e músico que perde a mulher, Eurídice, já nos festejos de suas bodas. Orfeu tenta retomá-la do reino dos mortos. Mas não cumpre a promessa de não olhar para trás, para se certificar de que ela o segue, em silêncio, no trajeto de volta ao mundo dos vivos. Acaba então por perdê-la de vez.
A montagem do teatro São Pedro chegou a ser apresentada em novembro do ano passado. É um espetáculo engenhoso. Excetuados Mário Sevílio, no papel título, Caio Monteiro (Apolo), e Márcia Regina Soldi, que é professora, os demais cantores são bons amadores e alunos da universidade.
O mesmo vale para o maestro e para o diretor cênico, Diego José Villar. O drama é dirigido a partir do olhar. "Os espíritos não têm olhos, estão no inferno. A Mensageira tem os olhos cobertos, porque a realidade é muito dura de enxergar. A Esperança ilumina o caminho do Orfeu. Ela tem um olhar mais brilhante", diz Márcia Soldi, a preparadora das vozes que também participa do elenco, como A Música, no prólogo, e no papel de Proserpina.
"As vozes precisaram ser trabalhadas com ênfase nos ornamentos", diz também ela.
"Orfeu" será a primeira das 11 óperas a serem montadas este ano no Teatro São Pedro, que está sob a bem-vinda gestão da Associação Paulista de Amigos da Arte, uma organização social ligada à Secretaria do Estado da Cultura.
As próximas produções serão "Caixeiro da Taverna", de Guilherme Bernstein, no final de abril, e "I Capuleti e i Montecchi" (as famílias inimigas do drama de Romeu e de Julieta), de Vincenzo Bellini.
Na produção de "Orfeu" do Teatro Municipal, diz o diretor cênico João Malatian, o enredo é transportado para a época moderna. Não é uma serpente que mata Eurídice, mas um homem sedutor que inutilmente tenta roubá-la do marido. E Orfeu não viaja até o reino dos mortos. Tudo é puro delírio e fantasia.


Orfeu
Regência: José Roberto de Paulo
Direção musical: Mônica Lucas
Quando: hoje e sábado, às 20h30; domingo, às 17h
Onde: Teatro São Pedro (r. Barra Funda, 171, tel. 0/xx/11/3667-0499)
Quanto: de R$ 10 a R$ 40

Orfeu
Regência: Mara Campos
Direção cênica: João Malatian
Cenários e figurinos: Naum Alves de Souza
Quando: dias 29/4, 3/5 e 5/5, às 20h30; 1/5 e 7/5, às 17h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 0/xx/11/3222-8698)
Quanto: de R$ 20 a R$ 40 (preço indefinido para a récita do dia 1º)



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