São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Música - Crítica/samba

Clara Moreno amadurece e troca beats por ritmo sincopado

CD "Meu Samba Torto", que tem show de lançamento hoje, mostra aposta na simplicidade

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Filha dos compositores Joyce e Nelson Angelo e enteada do baterista Tutty Moreno, Clara Moreno tinha tudo para ser, desde sempre, do samba e da bossa nova. Mas morou na Europa, fez misturas com a eletrônica e só agora, aos 36, lança um CD todo samba/bossa nova.
"É um amadurecimento. Não foi um corte a seco, era algo que já vem do último CD ["Morena Bossa Nova", 2005], mas ainda havia muitos instrumentos, milhões de coisas acontecendo.
Agora, a simplicidade faz a riqueza", diz. Com shows de lançamento hoje e amanhã no Tom Jazz, "Meu Samba Torto" (que sai no exterior por um selo europeu e um japonês) não tem mais de três músicos por faixa e é quase todo acústico.
O resultado combina suavidade com balanço, mostrando como a síncopa que determina o samba sofre com a eletrônica, pois esta torna chapado o que nasceu para ser sinuoso. Trocando beats por batidas, Clara se mostra à vontade, entre outras, na faixa-título (Celso Fonseca), em "Litorânea" (Celso/ Rodolfo Stroeter) e em "Sabe Quem?" (Zé Renato/Joyce).
Embora qualquer comparação lhe seja prejudicial, ela se mostra corajosa ao regravar sambas associados a outros intérpretes, como "Se Acaso Você Chegasse" (Lupicínio Rodrigues), marca de Elza Soares, "Bahia com H" (Denis Brean) e "Morena Boca de Ouro" (Ary Barroso), standards de João Gilberto. Em alguns clássicos, entre eles "Copacabana" (João de Barro/Alberto Ribeiro), Clara é acompanhada pela guitarra elétrica de Diego Figueiredo, que, com seu toque à Joe Pass, dá outra sonoridade aos sambas. Outra virada é transformar "Mon Manege a Moi", sucesso de Edith Piaf, em marchinha.
Clara não é uma cantora de grande extensão, ainda está no seu processo de amadurecimento, mas é nítido que encontrou o caminho certo.


MEU SAMBA TORTO
Artista:
Clara Moreno
Gravadora: Atração
Quanto: R$ 23, em média
Avaliação: bom
Lançamento: hoje e amanhã, às 22h, no Tom Jazz (av. Angélica, 2.331, tel. 0/xx/11/ 3255-3635); R$ 30


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