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Música - Crítica/samba
Clara Moreno amadurece e troca beats por ritmo sincopado
CD "Meu Samba Torto", que tem show de lançamento hoje, mostra aposta na simplicidade
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Filha dos compositores
Joyce e Nelson Angelo e
enteada do baterista
Tutty Moreno, Clara Moreno
tinha tudo para ser, desde sempre, do samba e da bossa nova.
Mas morou na Europa, fez misturas com a eletrônica e só agora, aos 36, lança um CD todo
samba/bossa nova.
"É um amadurecimento. Não
foi um corte a seco, era algo que
já vem do último CD ["Morena
Bossa Nova", 2005], mas ainda
havia muitos instrumentos,
milhões de coisas acontecendo.
Agora, a simplicidade faz a riqueza", diz. Com shows de lançamento hoje e amanhã no
Tom Jazz, "Meu Samba Torto"
(que sai no exterior por um selo
europeu e um japonês) não tem
mais de três músicos por faixa e
é quase todo acústico.
O resultado combina suavidade com balanço, mostrando
como a síncopa que determina
o samba sofre com a eletrônica,
pois esta torna chapado o que
nasceu para ser sinuoso. Trocando beats por batidas, Clara
se mostra à vontade, entre outras, na faixa-título (Celso Fonseca), em "Litorânea" (Celso/
Rodolfo Stroeter) e em "Sabe
Quem?" (Zé Renato/Joyce).
Embora qualquer comparação lhe seja prejudicial, ela se
mostra corajosa ao regravar
sambas associados a outros intérpretes, como "Se Acaso Você
Chegasse" (Lupicínio Rodrigues), marca de Elza Soares,
"Bahia com H" (Denis Brean) e
"Morena Boca de Ouro" (Ary
Barroso), standards de João
Gilberto. Em alguns clássicos,
entre eles "Copacabana" (João
de Barro/Alberto Ribeiro), Clara é acompanhada pela guitarra
elétrica de Diego Figueiredo,
que, com seu toque à Joe Pass,
dá outra sonoridade aos sambas. Outra virada é transformar
"Mon Manege a Moi", sucesso
de Edith Piaf, em marchinha.
Clara não é uma cantora de
grande extensão, ainda está no
seu processo de amadurecimento, mas é nítido que encontrou o caminho certo.
MEU SAMBA TORTO
Artista: Clara Moreno
Gravadora: Atração
Quanto: R$ 23, em média
Avaliação: bom
Lançamento: hoje e amanhã, às 22h, no Tom Jazz (av. Angélica, 2.331, tel.
0/xx/11/ 3255-3635); R$ 30
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