RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Lanny Gordin está especialmente animado hoje. O guitarrista, tantas vezes chamado de gênio, de ícone, de melhor do Brasil, tem uma estréia pela frente. Depois de anos tocando em pequenos bares, atraindo um público interessado na sua aura de maldito, nunca para mais do que um punhado de gente, ele agora se prepara para momento de transição.
Hoje, amanhã e domingo, Gordin se apresenta com convidados como Jards Macalé, Arnaldo Antunes, Max de Castro e Fernanda Takai, do Pato Fu. É o lançamento de seu novo disco, "Lanny Duos", o primeiro solo com distribuição de grande gravadora, Universal.

Discos tropicalistas
No disco, Lanny grava ao lado de antigos parceiros, como Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil, e com jovens que cresceram ouvindo os discos tropicalistas em que aplicava o som de sua guitarra, como Rodrigo Amarante (do Los Hermanos) e Vanessa da Mata.
Entre hoje e domingo, nas apresentações, tudo se cristaliza e Lanny começa nova fase: consciente de seu papel na história da música brasileira e de sua importância na sonoridade do Tropicalismo, mas buscando novos sons, novas idéias.
Sua guitarra jazzística, criativa, estridente, acabou se tornando marca registrada e um estilo copiado até hoje. Entretanto, ele ainda acredita que tem muito a evoluir. "Até hoje, estou aprendendo", conta Lanny. "Continuo tentando simplesmente encontrar minha música e me sinto cada vez mais perto disso."

Depressão
Sob alguns aspectos ingênuo como uma criança, Lanny fala sem malícia. Diagnosticado nos anos 70 como esquizofrênico, o músico luta contra a depressão com remédios e se esforça pela concentração nas conversas a cada momento.
Mas, na música, é tudo natural. "Quando eu toco, me desligo de tudo ao meu redor", conta ele. "Sou só eu e minha guitarra, como se estivesse sozinho no centro do universo com minha música." Então, não estranhe se o olhar de Lanny parecer perdido quando estiver no palco com sua guitarra, seus músicos e seus convidados. Ele vai estar ouvindo tudo, mas será como se estivesse ali sozinho com sua música.