São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Documentarista e personagem são patrão e empregado na "vida real"

DA REPORTAGEM LOCAL

Como passageiro da linha Grajaú-Butantã, Handerson Inácio leva quase três horas por dia para chegar até o trabalho.
Isso, quando não chove. "Se cair temporal em São Paulo, compensa ir para o Rio", diz o contínuo da produtora Paleo TV, do cineasta Kiko Goifman.
Goifman decidiu fazer um documentário sobre seu próprio empregado num dia em que Handerson chegou às 9h, alcoolizado. "Já [está bêbado] ou ainda?", perguntou o patrão.
Handerson contou das festinhas regadas a cerveja no coletivo, tradição incorporada à rotina de companheiros de viagem que, com a convivência, viraram amigos. Goifman viu ali o tema de um filme.
Com a concordância de Handerson, ele filmou o empregado num dia de "festinha" no ônibus, desde o momento em que Handerson se apronta em casa.
No aspecto de envolver uma relação patrão/empregado que se estende ao campo documentarista/objeto, "Handerson e as Horas" coincide com "Santiago", em que o cineasta João Moreira Salles filma o ex-mordomo de sua família.
Goifman vê um paralelo e uma distância entre seu filme e "Santiago", o mais comentado título deste É Tudo Verdade.
"Enquanto o despotismo de João é assumido, de forma emocionante e inteligente, somente os espectadores poderão decidir se fui ou não autoritário com Handerson", afirma.
"Se algo une os dois filmes -e não tenho pretensão de comparação, pois considero "Santiago" uma obra-prima-, é a possibilidade cara ao documentário de podermos olhar para alguém que está ao nosso lado." (SA)


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