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Documentarista e personagem são patrão e empregado na "vida real"
DA REPORTAGEM LOCAL
Como passageiro da linha
Grajaú-Butantã, Handerson
Inácio leva quase três horas por
dia para chegar até o trabalho.
Isso, quando não chove. "Se
cair temporal em São Paulo,
compensa ir para o Rio", diz o
contínuo da produtora Paleo
TV, do cineasta Kiko Goifman.
Goifman decidiu fazer um
documentário sobre seu próprio empregado num dia em
que Handerson chegou às 9h,
alcoolizado. "Já [está bêbado]
ou ainda?", perguntou o patrão.
Handerson contou das festinhas regadas a cerveja no coletivo, tradição incorporada à rotina de companheiros de viagem que, com a convivência, viraram amigos. Goifman viu ali
o tema de um filme.
Com a concordância de Handerson, ele filmou o empregado
num dia de "festinha" no ônibus, desde o momento em que
Handerson se apronta em casa.
No aspecto de envolver uma
relação patrão/empregado que
se estende ao campo documentarista/objeto, "Handerson e as
Horas" coincide com "Santiago", em que o cineasta João
Moreira Salles filma o ex-mordomo de sua família.
Goifman vê um paralelo e
uma distância entre seu filme e
"Santiago", o mais comentado
título deste É Tudo Verdade.
"Enquanto o despotismo de
João é assumido, de forma
emocionante e inteligente, somente os espectadores poderão
decidir se fui ou não autoritário
com Handerson", afirma.
"Se algo une os dois filmes -e
não tenho pretensão de comparação, pois considero "Santiago"
uma obra-prima-, é a possibilidade cara ao documentário de
podermos olhar para alguém
que está ao nosso lado."
(SA)
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