São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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'Todo país tem um Homer'

Folha fala com James L. Brooks, produtor-executivo da série, e com Al Jean, roteirista-chefe; "Os Simpsons - O Filme" chega em DVD recheado de extras

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos olhos do resto do mundo, ele é o estereótipo do americano médio -um pai de família de classe média, gordo, estúpido-, mas, como já lembrava William Bonner, todo mundo conhece alguém (ou é um pouco) como Homer Simpson.
"Todo país tem um Homer", diz à Folha, por telefone, James L. Brooks, produtor-executivo de "Os Simpsons" -da série e do filme, que está chegando às lojas brasileiras em DVD com extras.
"Ficar largado no sofá, vendo TV e bebendo cerveja é um comportamento com o qual é fácil se identificar, sendo homem", completa o responsável por transformar em programa de TV a idéia que Matt Groening teve há mais de 20 anos.
A analogia vem depois que a Folha explica a Brooks a polêmica das declarações de Bonner, que se referiu ao telespectador médio do "Jornal Nacional" como "Homer Simpson", mas afirmou ver o personagem como "um pai de família trabalhador, protetor, conservador".
O produtor-executivo ri tanto da história quanto das explicações do apresentador. "Não diria que Homer é inteligente, mas nós certamente o achamos um cara legal", diz, e, depois de pensar, completa: "Ele é facilmente influenciável".
Al Jean, produtor e roteirista-chefe da série, que também conversou com a reportagem, vê nesse caráter universal do líder dos Simpsons uma das razões de seu sucesso. "Outro motivo é que as pessoas de outros países vêem no desenho o estereótipo do americano estúpido do qual gostam de rir", diz Jean.
Mudança de foco
"Os Simpsons - O Filme", que já rendeu mais de US$ 500 milhões (R$ 864 milhões) no mundo todo, reafirma não apenas o sucesso da série (a mais longeva da TV americana, em seu 19º ano) mas o papel central que Homer assumiu.
No filme, o rei do "D'oh!" faz uma bobagem atrás da outra até causar um desastre natural que força o governo a isolar a cidade de Springfield, fazendo com que os habitantes se voltem contra os Simpsons.
Em seu início, no entanto, a série era centrada no pestinha Bart, que virou capa de revista, lançou uma canção que virou hit ("Do the Bartman") e criou a "bartmania". A mudança de foco de um para o outro foi gradual e natural.
"Não foi proposital, os roteiristas simplesmente pensavam mais em histórias com Homer porque eram mais próximos de um homem de 40 anos do que de um garoto de dez", diz Jean.
"As características de Homer nos levavam a histórias muito boas e isso causou um efeito de bola de neve", diz Brooks.
Simpsons e política
Com a iminência das eleições presidenciais dos EUA e as características conservadoras de Homer, a Folha questiona se ele é um republicano (apesar de, no desenho, já ter brigado com George Bush pai).
"Eu diria que o Homer nunca votou. A única eleição que o interessa é sobre qual é a melhor cerveja", diz Al Jean. Passamos, então, ao membro politizado da família, Lisa Simpson, que sempre sonhou em ser a primeira mulher presidente -ficaria a menina feliz com Hillary Clinton no cargo? "Bom, você está perguntando para um eleitor de [Barack] Obama, mas, sim, acho que ela se orgulharia", afirma Brooks -Al Jean é da mesma opinião.
E, pelo que o roteirista-chefe diz, talvez o próximo presidente dos EUA não tenha "Os Simpsons" para assistir até o fim de seu mandato.
"Nunca achei que fosse durar 19 anos. Agora, nossa expectativa é que continue por mais três", diz Jean. "Tudo tem que terminar um dia, mas ainda estamos muito orgulhosos do nosso trabalho", completa Brooks.


OS SIMPSONS - O FILME
Direção:
David Silverman
Distribuidora: Fox Video
Quanto: R$ 39,90


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