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'Todo país tem um Homer'
Folha fala com James L. Brooks, produtor-executivo da série, e com Al Jean, roteirista-chefe; "Os Simpsons - O Filme" chega em DVD recheado de extras
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos olhos do resto do mundo,
ele é o estereótipo do americano médio -um pai de família
de classe média, gordo, estúpido-, mas, como já lembrava
William Bonner, todo mundo
conhece alguém (ou é um pouco) como Homer Simpson.
"Todo país tem um Homer",
diz à Folha, por telefone, James L. Brooks, produtor-executivo de "Os Simpsons" -da
série e do filme, que está chegando às lojas brasileiras em
DVD com extras.
"Ficar largado no sofá, vendo
TV e bebendo cerveja é um
comportamento com o qual é
fácil se identificar, sendo homem", completa o responsável
por transformar em programa
de TV a idéia que Matt Groening teve há mais de 20 anos.
A analogia vem depois que a
Folha explica a Brooks a polêmica das declarações de Bonner, que se referiu ao telespectador médio do "Jornal Nacional" como "Homer Simpson",
mas afirmou ver o personagem
como "um pai de família trabalhador, protetor, conservador".
O produtor-executivo ri tanto da história quanto das explicações do apresentador. "Não
diria que Homer é inteligente,
mas nós certamente o achamos
um cara legal", diz, e, depois de
pensar, completa: "Ele é facilmente influenciável".
Al Jean, produtor e roteirista-chefe da série, que também
conversou com a reportagem,
vê nesse caráter universal do líder dos Simpsons uma das razões de seu sucesso.
"Outro motivo é que as pessoas de outros países vêem no
desenho o estereótipo do americano estúpido do qual gostam
de rir", diz Jean.
Mudança de foco
"Os Simpsons - O Filme", que
já rendeu mais de US$ 500 milhões (R$ 864 milhões) no
mundo todo, reafirma não apenas o sucesso da série (a mais
longeva da TV americana, em
seu 19º ano) mas o papel central que Homer assumiu.
No filme, o rei do "D'oh!" faz
uma bobagem atrás da outra
até causar um desastre natural
que força o governo a isolar a cidade de Springfield, fazendo
com que os habitantes se voltem contra os Simpsons.
Em seu início, no entanto, a
série era centrada no pestinha
Bart, que virou capa de revista,
lançou uma canção que virou
hit ("Do the Bartman") e criou
a "bartmania". A mudança de
foco de um para o outro foi gradual e natural.
"Não foi proposital, os roteiristas simplesmente pensavam
mais em histórias com Homer
porque eram mais próximos de
um homem de 40 anos do que
de um garoto de dez", diz Jean.
"As características de Homer
nos levavam a histórias muito
boas e isso causou um efeito de
bola de neve", diz Brooks.
Simpsons e política
Com a iminência das eleições
presidenciais dos EUA e as características conservadoras de
Homer, a Folha questiona se
ele é um republicano (apesar
de, no desenho, já ter brigado
com George Bush pai).
"Eu diria que o Homer nunca
votou. A única eleição que o interessa é sobre qual é a melhor
cerveja", diz Al Jean.
Passamos, então, ao membro
politizado da família, Lisa
Simpson, que sempre sonhou
em ser a primeira mulher presidente -ficaria a menina feliz
com Hillary Clinton no cargo?
"Bom, você está perguntando para um eleitor de [Barack]
Obama, mas, sim, acho que ela
se orgulharia", afirma Brooks
-Al Jean é da mesma opinião.
E, pelo que o roteirista-chefe
diz, talvez o próximo presidente dos EUA não tenha "Os
Simpsons" para assistir até o
fim de seu mandato.
"Nunca achei que fosse durar
19 anos. Agora, nossa expectativa é que continue por mais
três", diz Jean. "Tudo tem que
terminar um dia, mas ainda estamos muito orgulhosos do
nosso trabalho", completa
Brooks.
OS SIMPSONS - O FILME
Direção: David Silverman
Distribuidora: Fox Video
Quanto: R$ 39,90
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