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Set de filmagem tem de serralheiros a alface mimoso
da Reportagem Local
No meio do mato, a 40 quilômetros de São Paulo, entre um pequeno morro e um rio lamacento, 130
pessoas construíram meio castelo
-só a parte de dentro.
O trabalho começou em dezembro e só termina em agosto, quando não haverá mais vestígios da
mirabolante construção.
Mas hoje, quando o aprendiz de
feiticeiro Nino entrar sorrateiramente no quarto feito de pétalas
azuis da bruxa Morgana, tem início a razão de tudo isso: as filmagens de "Castelo Rá-Tim-Bum",
longa de estréia do diretor Cao
Hamburger.
"Ainda não estou tendo insônia", disse Hamburger na semana
passada, enquanto liderava os últimos retoques feitos pela equipe.
"Não foi o plano que fiz, estrear
em longa em uma produção deste
tamanho. Mas a vantagem é que
conheço bem esse universo." Não
só conhece, como também criou
os personagens e dirigiu os 90 episódios da premiada série "Castelo
Rá-Tim-Bum" para a TV Cultura.
Há mudanças em relação à série.
A mais importante é a saída do
ator Cássio Scapin, que fazia o personagem principal, o garoto Nino,
na TV. Em seu lugar, entra um garoto mesmo, Diegho Kozievitch.
Marieta Severo será a nova bruxa
Losângela e Rosi Campos continua
como Morgana.
A equipe técnica também é outra. Os diretores de arte Clovis
Bueno e Vera Hamburger (irmã de
Cao), por exemplo, estão estreando no universo Rá-Tim-Bum. Já
desenharam centenas de peças para o filme -desde as fechaduras
até o hall do castelo, onde se passa
grande parte da história.
"Está sendo um trabalho anti-científico", diz Bueno. "Misturamos revista em quadrinhos, filmes, livros de arte, história etc. É
que nem filme de época: quanto
mais você mente, mais acerta."
Para produzir tudo o que saiu da
cabeça de Bueno e de Vera, os diretores de produção Caio e Fabiano
Gullane, irmãos, comandaram a
construção de um complexo em
Cajamar.
"Demoramos dois meses e meio
só para achar um galpão que não
fosse barulhento e que tivesse 14
metros de altura", diz Caio. "Depois, um mês e meio para torná-lo
habitável. Refizemos as instalações
elétricas, de água e de esgoto. Aí
começou a chegar gente."
No pico desse trabalho de pré-produção, o complexo chegou a
receber 130 pessoas simultaneamente -entre eles, duas equipes
de serralheiros (uma para estruturas, outra para objetos), 30 pintores e 25 aderecistas.
Para eles, até uma horta foi plantada, com vegetais como escarola
crespa e alface liso e mimoso.
Caio diz que não há comparação
entre outros filmes nacionais e o
que está sendo feito em "Castelo
Rá-Tim-Bum": "Temos um cara só
para cuidar da continuidade da fumaça de uma cena para outra".
Com o início das filmagens hoje,
outros requintes chegarão ao complexo: massagistas e psicólogos.
Irão se juntar ao terapeuta nutricional Nelsom Silveira, responsável pela cozinha e líder da turma
que faz tai-chi-chuan de manhã.
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