São Paulo, Terça-feira, 30 de Março de 1999
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Set de filmagem tem de serralheiros a alface mimoso

da Reportagem Local

No meio do mato, a 40 quilômetros de São Paulo, entre um pequeno morro e um rio lamacento, 130 pessoas construíram meio castelo -só a parte de dentro.
O trabalho começou em dezembro e só termina em agosto, quando não haverá mais vestígios da mirabolante construção.
Mas hoje, quando o aprendiz de feiticeiro Nino entrar sorrateiramente no quarto feito de pétalas azuis da bruxa Morgana, tem início a razão de tudo isso: as filmagens de "Castelo Rá-Tim-Bum", longa de estréia do diretor Cao Hamburger.
"Ainda não estou tendo insônia", disse Hamburger na semana passada, enquanto liderava os últimos retoques feitos pela equipe.
"Não foi o plano que fiz, estrear em longa em uma produção deste tamanho. Mas a vantagem é que conheço bem esse universo." Não só conhece, como também criou os personagens e dirigiu os 90 episódios da premiada série "Castelo Rá-Tim-Bum" para a TV Cultura.
Há mudanças em relação à série. A mais importante é a saída do ator Cássio Scapin, que fazia o personagem principal, o garoto Nino, na TV. Em seu lugar, entra um garoto mesmo, Diegho Kozievitch. Marieta Severo será a nova bruxa Losângela e Rosi Campos continua como Morgana.
A equipe técnica também é outra. Os diretores de arte Clovis Bueno e Vera Hamburger (irmã de Cao), por exemplo, estão estreando no universo Rá-Tim-Bum. Já desenharam centenas de peças para o filme -desde as fechaduras até o hall do castelo, onde se passa grande parte da história.
"Está sendo um trabalho anti-científico", diz Bueno. "Misturamos revista em quadrinhos, filmes, livros de arte, história etc. É que nem filme de época: quanto mais você mente, mais acerta."
Para produzir tudo o que saiu da cabeça de Bueno e de Vera, os diretores de produção Caio e Fabiano Gullane, irmãos, comandaram a construção de um complexo em Cajamar.
"Demoramos dois meses e meio só para achar um galpão que não fosse barulhento e que tivesse 14 metros de altura", diz Caio. "Depois, um mês e meio para torná-lo habitável. Refizemos as instalações elétricas, de água e de esgoto. Aí começou a chegar gente."
No pico desse trabalho de pré-produção, o complexo chegou a receber 130 pessoas simultaneamente -entre eles, duas equipes de serralheiros (uma para estruturas, outra para objetos), 30 pintores e 25 aderecistas.
Para eles, até uma horta foi plantada, com vegetais como escarola crespa e alface liso e mimoso.
Caio diz que não há comparação entre outros filmes nacionais e o que está sendo feito em "Castelo Rá-Tim-Bum": "Temos um cara só para cuidar da continuidade da fumaça de uma cena para outra".
Com o início das filmagens hoje, outros requintes chegarão ao complexo: massagistas e psicólogos. Irão se juntar ao terapeuta nutricional Nelsom Silveira, responsável pela cozinha e líder da turma que faz tai-chi-chuan de manhã.


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