São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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Sem-teto querem obra

DA REPORTAGEM LOCAL

"Antes, para tomar banho, só usava o chafariz da praça da Sé", conta Ísis Matias Abrantes, 18, uma das sem-teto que adotaram o contêiner da artecidadezonaleste. Para os moradores do largo do Glicério, tanto faz se a obra é renegada. O que eles gostariam é que ela ficasse, com seu banheiro e tanques para lavar roupa.
"Gastaram dinheiro para construir tudo isso. O que custa deixar para nós?", pergunta Fábio Nascimento, 23, um dos líderes da comunidade. O projeto já previa a desmontagem ao fim da mostra.
Desde que foi instalado, há cerca de 45 dias, o contêiner tem sido palco para uma série de atividades coordenada pela Associação pelo Direito de Brincar (IPA, em inglês), uma ONG internacional.
Entidade parceira do evento, a IPA (www.ipa-br.org.br) organizou aulas de desenho e pintura, capoeira, um programa de voluntariado, discussões sociopolíticas, conseguiu encaminhar um deles para o mercado de trabalho e ainda coordena a elaboração de um livro com os sonhos dos moradores de rua, uma idéia que partiu dos próprios sem-teto.
Jean Luiz Espírito Santo, 33, coordenador administrativo da IPA, conta que os sem-teto ainda pediram oficina de artesanato, cursos profissionalizantes e serviço psicológico. "Pretendemos continuar o trabalho mesmo que não seja ali, talvez numa casa disponibilizada por alguma entidade parceira", diz. (IF)



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