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HQ homenageia Capote persistente
"Capote no Kansas" reconstrói trajetória do escritor americano durante a produção de "A Sangue Frio"
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O escritor norte-americano
Truman Capote (1924-1984)
foi protagonista de um filme e
de uma história em quadrinhos
em 2005. "Capote", longa de
Benett Miller que rendeu a Philip Seymour Hoffman o Oscar
de melhor ator, já foi exibido
nos cinemas brasileiros e lançado em DVD. Agora é a vez da
HQ "Capote no Kansas", de Ande Parks e Chris Samnne, ser
lançada no país.
Capote é o autor de "Bonequinha de Luxo" (1958) e "A
Sangue Frio" (1966), e o foco da
HQ está na criação deste último. Como diz o Capote retratado nos quadrinhos, "por que
um homem sensível deixaria
uma cama quente e um homem
quente que o ama e levaria sua
melhor amiga para esse buraco
esquecido por Deus?". Esse é o
fio condutor da história: a motivação do escritor.
O "buraco" citado por Capote
é Garden City, no Kansas
(EUA), onde uma família havia
sido assassinada e para onde
Capote vai para acompanhar a
investigação do crime.
O trabalho não é fácil: ele está
em uma cidade pequena abalada por um cruel assassinato.
As pessoas não querem comentar o assunto. Capote, para
eles, não passa de um estranho
que aparece de uma hora para
outra fazendo perguntas.
"Capote no Kansas" não pretende ser uma adaptação de "A
Sangue Frio" ou uma biografia
de seu escritor. Trata-se de
uma homenagem.
Ele não é retratado como
"herói" ou "vilão", mas como
uma pessoa persistente e sensível que faz entrevistas detalhadas com os amigos das vítimas,
os conhecidos e os dois assassinos condenados.
O roteirista, Ande Parks, escreveu outra HQ antes desta:
"Union State", inédita no Brasil. A maior parte de seu trabalho nos quadrinhos não é com
as palavras, mas com o nanquim. Parks freqüentemente
atua como arte-finalista do desenhista Phil Hester.
O trabalho da dupla com o
personagem Asa Noturna está
saindo mensalmente no Brasil
na revista "Batman", da editora
Panini.
Em sua homenagem, Parks
fugiu, intencionalmente, de um
texto rigorosamente histórico.
Manteve a personalidade difícil
e elegante de Capote, mas
acrescentou um elemento de
fantasia: conversas do escritor
com o fantasma da menina assassinada, Nancy Clutter.
Com isso, não quis reinventar a história ou descobrir algo
que ninguém havia percebido.
Ele apenas narrou a história do
seu jeito, assim como Capote,
que também tinha sua maneira
própria de escrever.
CAPOTE NO KANSAS
Autores: Ande Parks (roteiro) e Chris
Samnne (arte)
Editora: Devir
Quanto: R$ 21,90 (128 págs.)
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