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Diretor contesta imagem de intelectual recluso e diz que "cinema não é prioridade"
DA REDAÇÃO
Leia, a seguir, a continuação
da entrevista de Woody Allen.
PERGUNTA - Você acha que as pessoas têm a impressão correta de
quem você realmente é?
ALLEN - Não. Acham que sou
um recluso, uma pessoa temível que tem hábitos excêntricos
e criativos. Nada poderia estar
mais distante da verdade. Levo
uma vida de classe média com
minha família. Fazer cinema
não é minha prioridade.
PERGUNTA - Você é conhecido como intelectual.
ALLEN - E não sou. Não leio
muito e não me interesso por livros complicados. Não li livro
nenhum até os 18 anos, e então,
quando o fiz, foi com o único intuito de impressionar garotas.
PERGUNTA - Mas você é neurótico?
ALLEN - Sou um pouco claustrofóbico e agorafóbico. Sou
um pouco depressivo e pessimista. Tenho medo de elevadores e aviões. Até os 40, mais ou
menos, dormia de luz acesa. E
fiz terapia durante 24 anos.
PERGUNTA - Por que parou?
ALLEN - A terapia me ajudou a
passar por fases de minha vida
em que estava muito infeliz e
inseguro. Mas agora estou muito feliz. Adoro estar casado.
Adoro ser pai. Não preciso mais
de terapia.
PERGUNTA - Antigamente, você
nunca saía de Nova York. Agora, anda viajando muito, apresentando-se
no exterior com seu grupo de jazz,
visitando festivais de cinema e filmando em países estrangeiros.
ALLEN - Nunca fui sociável.
Sempre preferi estar em casa,
trabalhando, escrevendo e tocando meu clarinete. Desde
que passei a viver com Soon-Yi,
passei a curtir mais sair de casa.
Saio para fazer compras e viajar
porque minha mulher gosta
disso. Adoro fazer coisas que a
deixam feliz.
PERGUNTA - Como é estar casado
com alguém 35 anos mais jovem?
ALLEN - Nunca imaginei que
terminaria com uma pessoa tão
mais jovem, coreana e que não
se interessasse pelo show business. Mas funciona como uma
mágica. É uma daquelas coisas
de sorte que me aconteceram.
PERGUNTA - Finalmente, qual a importância do cinema em sua vida?
ALLEN - Assistir a filmes tem sido um dos meus maiores prazeres. Mas não encaro o cinema
com paixão. Se não tiver a
chance de fazer outro filme, ficarei perfeitamente feliz trabalhando com teatro ou escrevendo livros. Mas gosto mais do cinema; é uma maneira muito divertida de passar o tempo.
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