São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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Diretor contesta imagem de intelectual recluso e diz que "cinema não é prioridade"

DA REDAÇÃO

Leia, a seguir, a continuação da entrevista de Woody Allen.  

PERGUNTA - Você acha que as pessoas têm a impressão correta de quem você realmente é?
ALLEN
- Não. Acham que sou um recluso, uma pessoa temível que tem hábitos excêntricos e criativos. Nada poderia estar mais distante da verdade. Levo uma vida de classe média com minha família. Fazer cinema não é minha prioridade.

PERGUNTA - Você é conhecido como intelectual.
ALLEN
- E não sou. Não leio muito e não me interesso por livros complicados. Não li livro nenhum até os 18 anos, e então, quando o fiz, foi com o único intuito de impressionar garotas.

PERGUNTA - Mas você é neurótico?
ALLEN
- Sou um pouco claustrofóbico e agorafóbico. Sou um pouco depressivo e pessimista. Tenho medo de elevadores e aviões. Até os 40, mais ou menos, dormia de luz acesa. E fiz terapia durante 24 anos.

PERGUNTA - Por que parou?
ALLEN
- A terapia me ajudou a passar por fases de minha vida em que estava muito infeliz e inseguro. Mas agora estou muito feliz. Adoro estar casado. Adoro ser pai. Não preciso mais de terapia.

PERGUNTA - Antigamente, você nunca saía de Nova York. Agora, anda viajando muito, apresentando-se no exterior com seu grupo de jazz, visitando festivais de cinema e filmando em países estrangeiros.
ALLEN
- Nunca fui sociável. Sempre preferi estar em casa, trabalhando, escrevendo e tocando meu clarinete. Desde que passei a viver com Soon-Yi, passei a curtir mais sair de casa. Saio para fazer compras e viajar porque minha mulher gosta disso. Adoro fazer coisas que a deixam feliz.

PERGUNTA - Como é estar casado com alguém 35 anos mais jovem?
ALLEN
- Nunca imaginei que terminaria com uma pessoa tão mais jovem, coreana e que não se interessasse pelo show business. Mas funciona como uma mágica. É uma daquelas coisas de sorte que me aconteceram.

PERGUNTA - Finalmente, qual a importância do cinema em sua vida?
ALLEN
- Assistir a filmes tem sido um dos meus maiores prazeres. Mas não encaro o cinema com paixão. Se não tiver a chance de fazer outro filme, ficarei perfeitamente feliz trabalhando com teatro ou escrevendo livros. Mas gosto mais do cinema; é uma maneira muito divertida de passar o tempo.


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