São Paulo, sábado, 30 de abril de 2011

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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO

"Lemmy" é retrato carinhoso e implacável de um ícone pop

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

Suítes em hotéis luxuosos, limusines, festas com drogas à vontade, mulheres esculturais fazendo todas as vontades dos roqueiros. Não tem nada disso em "Lemmy", um retrato ao mesmo tempo carinhoso e implacável de um grande ícone do rock.
De longe, Lemmy Kilmister, 65, parece igualzinho ao cara que em 1975 criou a banda mais barulhenta do planeta, o Motorhead. Na falta do que fazer, alguém mediu o som do grupo no palco e comparou com o produzido por uma turbina de avião.
Deu Motorhead, fácil. De perto, o cantor e baixista inglês mostra as rugas, nem tão fáceis de ver por causa do bigode e costeletas, do cabelo ainda farto e do indefectível chapéu. Mas a câmera do documentário chega mais perto ainda, vai na alma de um ídolo singular.
"Lemmy", que tem hoje sua primeira sessão na mostra de documentários musicais In-Edit Brasil 2011, abre com ele em sua casa, que já revela muito sobre o roqueiro. Um apartamento de condomínio inglês que não poderia ser menos glamouroso.
O único luxo por ali só será mostrado mais adiante no filme: a coleção de itens de guerra, com uniformes, medalhas e, principalmente, armas. Há uma cena engraçada de Lemmy dirigindo um tanque de outro fanático bélico.

PAIXÕES E EXCESSOS
O documentário segue o roqueiro por semanas. Pelo que é exibido na tela, suas paixões são armas de guerra, rock, uísque (uma garrafa de Jack Daniel's parece grudada em sua mão), botas (há uma entrevista com seu "sapateiro" exclusivo), cigarros, caça-níqueis (ele pode passar horas na frente de um) e, antes de tudo, mulheres.
Lemmy é tão desencanado que derruba mitos sobre sua pessoa. Diz, numa rádio, que dormiu com "apenas umas mil mulheres". Para ele, nem é muito. "Afinal, estou nisso há mais de 40 anos."
O documentário inclui, claro, cenas do Motorhead no palco e de Lemmy com as gerações mais novas. Toca uma música com o Metallica num show e outra com o Foo Fighters no estúdio.
Suas conversas com Dave Grohl são muito bacanas. Para Lemmy e o líder do Foo Fighters, Little Richard foi o maior cantor da história.
"Um negro e homossexual cantando rock and roll em Atlanta em 1957? Tem que ser muito durão para encarar essa parada", diz Lemmy.
Durão como alguém que continua fazendo discos e shows após quatro décadas de rock pesado e excessos. "Lemmy", o documentário, deixa todo mundo que o assiste com muita inveja de não ser Lemmy, o cara.

LEMMY

DIREÇÃO Greg Olliver e Wes Orshoski
PRODUÇÃO EUA, 2000
QUANDO Hoje, às 23h, no Cinesesc; amanhã, às 21h, no Cine Livraria Cultura 2; sábado (7), às 19h, no Cine Olido
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo


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