São Paulo, sábado, 30 de abril de 2011

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Site dá espaço para erratas de famosos

iCorrect cobra entre US$ 1.000 e US$ 5.000 por ano para publicar correções de reportagens ao gosto do freguês

Lançada há um mês, página tem clientes como Kate Moss e Tom Parker Bowles, enteado do príncipe Charles

TEREZA NOVAES
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA

A modelo Kate Moss tinha um dilema. Como alertar os seus fãs que os perfis atribuídos a ela no Twitter e no Facebook não lhe pertenciam?
O empresário inglês de origem chinesa David Tang deu a solução: o site iCorrect.
O iCorrect, o "site universal para correções", publica desmentidos ao lado do erro e da fonte que o publicou.
Lançado há um mês, o serviço cobra US$ 1.000 de pessoas físicas e US$ 5.000 de empresas por ano; garante que a identidade do usuário é verificada e, sobretudo, só publica o que o cliente quer. Mais: a "mentira" é editada pelo próprio freguês.
Em tempos de redes sociais, por que optar pelo iCorrect, e não pelo Twitter, que é gratuito e também pode autenticar o perfil do autor?
"O Twitter é muito mais impulsivo e impermanente. As informações publicadas no iCorrect ficam para sempre", explicou Tang ao canal britânico Sky News.
Tang é milionário, frequentador de colunas sociais; daí a inspiração para o negócio. Entre seus amigos famosos que aderiram ao site está Bianca Jagger, ex-modelo, ex-mulher de Mick.
A lista dos usuários inclui ainda a mulher do ex-premiê Tony Blair, Cherie, a modelo Naomi Campbell, o time de futebol Chelsea e Tom Parker Bowles, enteado do príncipe Charles.
A missão de revelar as "verdades" no avassalador mundo dos boatos é tema de outro site.
O Gossip Cop, que existe desde 2009, vangloria-se por vigiar 200 publicações, sem cobrar nada. A equipe faz análise de reportagens, que ganham uma nota num termômetro de veracidade.
Um caso classificado pelo Gossip Cop como "completo rumor" chegou a um desfecho nesta semana.
Após estampar, em janeiro passado, a atriz Katie Holmes em sua capa sob o título "o choque das drogas", a revista "Star" circulou com um pedido de desculpas.
"Em uma edição recente da "Star", nós publicamos títulos sobre Katie Holmes que poderiam sugerir que ela era viciada em drogas. "Star" se desculpa com a senhora Holmes por qualquer má interpretação e vai fazer uma doação substancial para uma instituição de caridade que ela ajuda por qualquer dano que possamos ter causado."
A reportagem dizia que ela teria se submetido a um tratamento da Cientologia, que produziria efeitos similares aos da heroína.
Katie processou a revista em US$ 50 milhões, mas não foi revelado quanto ganhou.

NO BRASIL
Perfis falsos de gente famosa é algo que tornou muito comum no Brasil.
O diretor de Redação da revista "Contigo", Sergio Zalis, diz que segue o "rigor jornalístico" antes de atribuir frases ditas no Twitter. "A gente não cai nessa [de perfil falso]. A gente checa muito."
A atriz Maitê Proença descobriu há seis meses um perfil falso no Twitter que já tem 30 mil seguidores.
"Tem pessoas como a Gloria Perez e o documentarista Eduardo Coutinho que acham que estão falando comigo", disse à Folha.
"Há seis meses que tento desativar e não consigo. Os instrumentos para fazer denúncia no Twitter não funcionam", comenta.
Ela acha boa a ideia do iCorrect. "Parece que tem uma credibilidade. A lenda vira verdade de tanto ser repetida. É bom ter um lugar, além do seu próprio site, que concentre desmentidos", diz a atriz.
Enquanto isso, Maitê segue na briga para tirar o seu Twitter falso do ar.
Como lembra o diretor da "Contigo":"Não é fácil a vida de celebridade".


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