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"Bom filho" abre hoje mostra competitiva de festival cearense
"As Tentações do Irmão Sebastião", de José Araújo, já é favorito a prêmio
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
O bom cineasta à casa torna:
José Araújo, cearense de Miraíma que se alçou ao cenário internacional com "O Sertão das
Memórias" (1996), abre hoje o
16º CineCeará - Festival Ibero-Americano de Cinema, com seu
segundo longa, "As Tentações
do Irmão Sebastião".
Com o primeiro, o diretor e
roteirista obteve o prêmio de
melhor filme da Mostra Internacional de Novos Talentos no
próprio CineCeará, em 1997.
Antes, já havia recebido o prêmio de melhor filme latino em
Sundance (EUA). Desta vez, a
estréia ocorre em seu Estado
natal, que Araújo deixou, no
início dos anos 70, para estudar
cinema em San Francisco.
O nome da cidade para onde
foi parece associação de roteiro
ruim: ex-seminarista se dedica
a representações da fé e a tormentos da alma por meio de rica leitura de mitos nordestinos,
com ênfase no sincretismo religioso brasileiro. O diálogo com
o cinema novo passa por aí.
Feito ao longo de cinco anos,
com orçamento de R$ 2 milhões, "As Tentações do Irmão
Sebastião" é o filme mais apropriado que o festival poderia
achar para a abertura, e o favorito inicial ao prêmio de melhor
longa na recém-criada Mostra
Competitiva Ibero-Americana.
Quase inteiramente rodado
ali, com atores e técnicos da região, vai do início da era cristã
até o Ceará de 1992, para acompanhar o nascimento de uma
criança no dia de são Sebastião.
Depois, salta para 2030. Um
certo anacronismo governa esse futuro, com elementos de
épocas diversas se somando
num cenário de caos.
São quase duas horas e meia
de imersão num universo de intensa expressão autoral, o que
já bastaria para reverenciá-lo
como um corpo felizmente estranho no panorama atual.
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