São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Crítica

Babenco filma os sem-lugar sem concessões

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quando fazia filmes no Brasil, até o começo dos anos 1980, Hector Babenco era, claramente, nosso maior talento hollywoodiano, no sentido em que seus filmes ambicionavam o contato com as grandes e, sobretudo, sabiam como fazê-lo.
Chegando a Hollywood, no entanto, para fazer "Ironweed" (Telecine Cult, 22h), parece que sua principal preocupação era não se tornar mais um "yes man" dos estúdios -o que é, curiosamente, algo que ambicionam os executivos da indústria: contratam alguém por sua personalidade e, em seguida, esterilizam-na.
Com Jack Nicholson e Meryl Streep à frente do elenco, Babenco parece não ter feito nenhum esforço para tornar mais palatável o roteiro de William Kennedy (também autor do romance) sobre o encontro de dois sem-lugar na sociedade (uma ex-cantora e um ex-atleta), pois mesmo que alguém os aceite, eles não aceitam um lugar, um papel. "Ironweed" resultou um filme tão difícil quanto belo.


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