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Crítica
Babenco filma os sem-lugar sem concessões
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Quando fazia filmes no Brasil, até o começo dos anos 1980,
Hector Babenco era, claramente, nosso maior talento hollywoodiano, no sentido em que
seus filmes ambicionavam o
contato com as grandes e, sobretudo, sabiam como fazê-lo.
Chegando a Hollywood, no
entanto, para fazer "Ironweed" (Telecine Cult, 22h),
parece que sua principal preocupação era não se tornar mais
um "yes man" dos estúdios -o
que é, curiosamente, algo que
ambicionam os executivos da
indústria: contratam alguém
por sua personalidade e, em seguida, esterilizam-na.
Com Jack Nicholson e Meryl
Streep à frente do elenco, Babenco parece não ter feito nenhum esforço para tornar mais
palatável o roteiro de William
Kennedy (também autor do romance) sobre o encontro de
dois sem-lugar na sociedade
(uma ex-cantora e um ex-atleta), pois mesmo que alguém os
aceite, eles não aceitam um lugar, um papel. "Ironweed" resultou um filme tão difícil
quanto belo.
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