São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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DANÇA

Grupo apresenta peças clássicas e modernas em turnê por seis cidades brasileiras, que começa hoje, em Porto Alegre

Balé Real da Dinamarca busca o novo na tradição

LUCIANA ARAUJO

DA REPORTAGEM LOCAL

Stravinsky e Radiohead. A música de duas das cinco coreografias que o Balé Real da Dinamarca apresenta a partir de hoje, até o dia 9 de julho, em turnê pelo Brasil, é uma pista sonora do que se verá em cena: movimentos que vão do clássico ao moderno em busca da atualidade, sob o peso dos 248 anos de tradição.
Pela quinta vez em terras brasileiras, o grupo dinamarquês que já se apresentou no Norte (Manaus) e Nordeste do país (Recife, Aracaju), agora privilegia o Sul, com apresentações em Porto Alegre, Florianópolis, entre outras cidades catarinenses, além de São Paulo.
"Apollo", de George Balanchine, com música de Stravinsky, abre a apresentação. Concebida em 1928 para os Ballets Russes, companhia de Serge Diaghilev, a coreografia neoclássica, sobre o deus grego protetor das artes, foi considerada moderna na época, como lembra o dinamarquês Peter Bo Bendixen, 40, diretor artístico do Balé Real: "Mesmo voltando aos anos 20, trazemos um espetáculo à frente de seu tempo".
Além disso, segundo Bendixen, trazer "Apollo" novamente para o Brasil -a coreografia foi apresentada nas turnês de 91, 97 e 2003- foi um pedido dos próprios organizadores brasileiros.
Por sua vez, outro clássico da história da dança encerra o programa, "Napoli" (1842), de August Bournonville, com música de H. S. Paulli. A peça é composta de três atos -dos quais apenas o terceiro será apresentado aqui- e é uma das 50 coreografias que Bournonville criou para o Balé Real nos anos em que o dirigiu, entre 1830 e 1877. Diante de tal legado, Bendixen reafirma "o novo". ""Napoli" é sempre divertido, mas nunca é o mesmo. Se for sempre igual, mesmo que seja bom, o espetáculo morre", avalia.
Entre "Apollo" e "Napoli", o Balé Real interpreta três obras contemporâneas, acentuando o objetivo que Bendixen destacou durante toda a entrevista à Folha: mostrar que são "capazes de realizar um trabalho moderno e de incentivar novos talentos".
São elas: "A Pequena Vendedora de Fósforos" (2004), da dinamarquesa Louise Midjord, ao som de Vincent Gallo e do Radiohead; "Triplex" (1999), do inglês Tim Rushton, com música de Bach, e "The Wish" (o desejo), criado pelo australiano Stanton Welsh, no qual o coreógrafo une o clássico e o contemporâneo em uma história sobre duas pessoas próximas que um dia se afastam.
Entre as estrelas do grupo, Bendixen destaca o dinamarquês Nicola Hübbe, integrante do New York City Ballet. E salienta seu virtuosismo. "Ele tem o estilo tradicional do balé dinamarquês."


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