São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição "Verbo", na galeria Vermelho, reúne 40 trabalhos que envolvem dança, teatro, vídeo e música

Conceito de performance norteia obras em mostra

Divulgação
Objeto da artista Andrezza Valentin que será apresentado no próximo dia 9, na galeria Vermelho


TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Como palavras escritas em um livro de areia, a arte performance está condenada à efemeridade. Terminada a ação, a obra acaba, se apaga, se definha.
"Verbo", evento que começa amanhã na galeria Vermelho, em São Paulo, apresenta -durante sete dias- 40 trabalhos que passam por esse caráter imaterial intrínseco à performance.
Não são, no entanto, apenas trabalhos relacionados diretamente à representação com o corpo. Há, por exemplo, o vídeo do grupo UDDQEM, de Ricardo Carioba e Fabio Torres. A partir da música criada por Torres, Carioba desenvolveu imagens geométricas, projetadas em duas paredes opostas.
"É um processo muito parecido com a criação da dança", observa Marcos Gallon, um dos organizadores da exposição. "A idéia da mostra é abrir espaço para os artistas que trabalham na fronteira com outras linguagens e também para a discussão da performance", explica. Nas zonas limítrofes, se encontram a dança, o teatro, a música e até a crítica de arte.
Em "Clínica de Performance", Fabiano Marques, 35, propõe um espaço para debater as obras dos outros artistas. "Quero explorar quais são as fronteiras, abrir espaço dentro do espaço para a discussão, usando outro formato", diz Marques, que esteve na última Bienal de SP. A clínica vai receber artistas e público, mas apenas um paciente de cada vez.
Em formato mais "tradicional", Marcela Levi, 32, apresenta "Massa de Sentidos". Nua, ela usa massa de pão, crua e tingida de vermelho, para preencher os vazios de seu corpo. Imagens captadas por uma câmera de cima são projetadas durante o trabalho.
O corpo é também o suporte de Mareu Machado, 23, em "Curral de Apartação", performance que ela produziu para concluir o curso de artes do corpo na PUC. Machado reproduz os movimentos do gado no "corredor da morte", a apartação é o local onde os bois são escolhidos para o abate.
Já Andrezza Valentin e Marcius Galan constroem corpos artificiais. Valentin preenche um boneco de látex com gelo, que se modifica conforme a estrutura derrete; e Galan mostra a antítese de um espantalho: uma figura humana feita de milho que será instalada na parte exterior da galeria para ser devorada pelos pássaros.
Essa variedade de produção serve de estímulo para abertura da primeira agência especializada em performers, que será vinculada à galeria Vermelho. O processo de formatação do projeto acontece paralelo à exposição. A crítica Daniela Labra, que faz parte da agência com Gallon, fala sobre o tema na próxima quinta, às 21h.

Verbo
Quando:
a partir de amanhã, das 19h às 22h; até 9/7
Onde: galeria Vermelho (r. Minas Gerais, 350, Higienópolis, SP, tel. 0/xx/11/3257-2033)
Quanto: grátis


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