São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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Crítica

Sinceridade prejudica filme sobre guerrilha

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Batismo de Sangue" (Canal Brasil, 22h; 14 anos) é um filme extremamente honesto sobre os tempos de guerrilha e tortura política no Brasil.
Como se afere a honestidade, no caso? Mais do que tudo, pelos defeitos. É preciso dizer, primeiro, que o filme de Helvécio Ratton (talvez o seu melhor trabalho) tem muitas virtudes, como a atuação dos jovens padres dominicanos que, envolvidos na luta armada, presos e torturados, terminaram por revelar o local onde estaria o líder Carlos Marighella, o que resultou em sua morte.
Os problemas trazidos pela sinceridade são igualmente evidentes. Exemplo: não é preciso mostrar extensamente uma cena de tortura para dizer que alguém foi torturado. O diretor não quis "explorar" a tortura, lógico (ela nem é tão explorável comercialmente).
Ele pretendeu dar o seu testemunho. O fez com sinceridade bastante para se esquecer de que, em certas circunstâncias, menos é mais, e que quanto mais discreto se é, nesses casos, maior a força.


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