São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010 |
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CONEXÃO POP THIAGO NEY thiago.ney@uol.com.br Publicar ou não, eis a questão
O FURO do ano, a reportagem mais comentada, a que mais repercutiu até agora em 2010, não é de autoria do Huffington Post, do Politico, do "New York Times", do "Washington Post", da "Time", do "El País", da Associated Press. O furo do ano foi dado pela "Rolling Stone", revista em papel fundada em San Francisco em 1967 com o objetivo de cobrir música e contracultura -e política. Se você está muito ocupado com a Copa e não tem tempo para o noticiário político: na semana passada, vazou um longo perfil do general Stanley McChrystal, que comanda as forças dos EUA no Afeganistão. Ali, o militar classifica Barack Obama como "desconfortável e intimidado" e insulta vários integrantes do governo norte-americano -incluindo o vice-presidente. Poucos dias depois de a reportagem ganhar o mundo, McChrystal foi demitido por Obama. Mas o que me interessa aqui não são as consequências do ótimo texto, mas como ele veio a público. Sabendo da bomba que tinha em mãos, a "Rolling Stone" enviou, na segunda-feira (dia 21) parte do teor da reportagem à agência Associated Press. Essa prática é comum entre revistas, para vitaminar o apetite do público ao que será publicado. A AP, então, distribuiu o conteúdo. Sites como Político e organizações como a "Time" solicitaram o material inteiro, mas não o receberam. Na terça, não se sabe como, toda a reportagem da "RS" apareceu, em PDF, no site da "Time" e do "Politico". Apenas depois, quando a "RS" colocou a história em seu site, esses veículos colocaram links para a própria página da "Rolling Stone". A "Rolling Stone", claro, reclamou. Eles investiram na apuração da história, gastaram dinheiro e o produto dessa investigação foi usado por outras empresas sem permissão. O caso é grave e representativo de uma discussão bem atual. A informação deve ser gratuita? Para Rupert Murdoch, não. O magnata já fechou o acesso ao site do "Times" britânico, por exemplo. A própria "Time", que publicou a reportagem da "RS" sem autorização, já havia se posicionado contra o uso indevido de material jornalístico. Essa história está bem radiografada pelo "New York Times" (http://nyti.ms/cALOxj). O "interesse do público" foi uma das justificativas do Politico e da "Time". Desculpa boba. Se uma organização briga a favor do respeito ao direito autoral, o mínimo que se espera é que essa organização respeite o direito autoral alheio. Agora, um outro aspecto: a "RS" não deveria ter segurado um material desses por tempo tão longo, depois de ter passado o texto para algumas fontes. Vamos falar de música? Já ouviu Warpaint, não? Não? Já falei aqui delas (são quatro garotas de Los Angeles) e, nesta semana, o "Guardian" as chamou de "banda nova mais quente do mundo". Exagero? Ouça em www.myspace.com/worldwartour. Lembra de "Kids", do MGMT? Agora ouça "Opposite of Adults", do Chiddy Bang (www.myspace.com/chiddybang). Texto Anterior: CDs Próximo Texto: Queridinho das cantoras, Rodrigo Maranhão lança segundo álbum Índice |
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