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CRÍTICA
Bom demônio, bom herói
DA REPORTAGEM LOCAL
Analisado friamente "Hellboy", o filme, talvez não merecesse as três estrelas sugeridas aí
abaixo. Afinal, não é qualquer um
que engole de boa vontade um demônio do bem (?!) que circula por
aí à caça de criaturas gosmentas
em nome de um certo Birô de Pesquisa e Defesa Paranormal.
Segundo seu próprio criador, o
quadrinista Mike Mignola, o argumento de "Hellboy" é uma colagem de tudo o que ele mais gostava de ler quando criança: pulps
de terror, histórias de vampiros,
lendas do folclore nórdico etc.
Com o importante detalhe de
que, consciente do ridículo de algumas dessas lendas, "Hellboy" é
ao mesmo tempo uma homenagem e uma sátira ao gênero. A iconografia gótica e a pesquisa detalhada que o autor realiza para cada história servem, assim, apenas
como (estiloso) pano de fundo
para as lutas do personagem. Por
vezes muito menos físicas do que
psicológicas: apesar de seus 60
anos de vida na Terra, Hellboy é
só um garotão que esconde o cigarro do pai e não sabe a hora certa de "chegar" na garota que ama.
Um longa-metragem repleto de
efeitos especiais, explosões e brigas intermináveis pode não ser a
melhor maneira de tirar tais conclusões -ainda que Mignola tenha acompanhado de perto a produção do filme. Provavelmente
não é culpa dos atores, nem do diretor, muito menos de você, espectador. É só que, em menos de
uma década de existência, nem
mesmo Hellboy sabe ao certo de
onde veio, por que veio e para onde vai. Aí está o seu charme.
Em tempo: se tudo o mais falhar, vale lembrar que "Hellboy",
o filme, já é a décima adaptação
dos quadrinhos para o cinema
desde 98, quando o desconhecido
"Blade", da Marvel, demonstrou
o potencial de sucesso da fórmula
-ironicamente desgastada após
uma série de adaptações fracas de
"Batman". E, como filme do gênero super-heróis, até que o diabão
se sai muito bem, obrigado.
(DA)
Hellboy
Hellboy
Produção: EUA, 2004
Direção: Guillermo del Toro
Com: Ron Perlman, Selma Blair, John
Hurt
Onde: no cine Morumbi 1 e circuito
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