São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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"Billboard virtual" indica os sucessos da internet

Site cria parada com as músicas que os internautas ouvem, baixam e comentam

We Are Hunted pesquisa em serviços como Twitter para mostrar artistas e faixas que são tendência e criar um catálogo de vendas com eles

GUSTAVO VILLAS BOAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova parada musical não é formada pelas músicas que as rádios tradicionais estão tocando para milhares, mas pelas que milhares estão ouvindo à sua maneira -e na internet são muitas as maneiras: YouTube, Last.FM, rádios on-line, blogs e downloads, legais ou não.
É essa a ideia do We Are Hunted, site que, em menos de um ano, já foi chamado de "Billboard" da geração P2P -referente à troca de arquivos- pela revista "Wired". A alcunha repercutiu na blogosfera.
Para o Mashable, um dos blogs mais acessados do mundo, o endereço é parte de um time de empresas iniciantes que teve uma "ideia genial".
"Queremos classificar o barulho da web social e dar sentido aos milhões de vozes que falam sobre música", diz Nick Crocker, diretor-executivo da Native Digital, uma das duas empresas por trás do projeto.
E é uma gritaria: apenas no Brasil, cerca de 21 milhões de pessoas com idades entre 12 e 64 anos baixam músicas; praticamente a mesma quantidade forma a audiência que ouve "streaming", ou transmissão direta como no YouTube, segundo o Ibope/Nielsen Online.
"Os consumidores têm se afastado dos CDs e começam a fazer buscas, encontrar e comprar música on-line. Por isso, paradas com o We Are Hunted, que ressaltam tendências, espelham de forma cada vez mais precisa o sentimento entre os fãs", afirma Crocker.
O We Are Hunted não formula uma só parada. Contempla ranking com 99 itens semanais e mensais, mas tendência mesmo são os "emergentes": artistas ou faixas em evidência naquele momento.
Para Crocker, a seção que hierarquiza as mais ouvidas pelos usuários do Twitter -e não as mais comentadas, ele ressalta- é ainda mais rápida em espelhar o que movimenta a web.

Catálogo de vendas
Ao trazer à tona o gosto dos fãs de música on-line, o We Are Hunted provavelmente não causa faniquitos na indústria fonográfica. Os eleitos são vinculados a ofertas em diferentes lojas on-line. Alguns podem ser ouvidos gratuitamente.
Ou seja, o site alimenta aquilo que a Federação Internacional da Indústria Fonográfica, em seu relatório anual, chamou de "uma nova geração de serviços de assinatura, redes sociais e canais de licença".
Esse mercado não é só perspectiva: no Reino Unido, os jovens já compram mais faixas isoladas do que compartilham arquivos, apontou pesquisa recente do sindicato da indústria fonográfica britânica.
E não é só a venda de títulos por download que tem amadurecido. As principais rádios on-line também começam a engendrar seus modelos de negócio. Há três semanas, após dois anos de negociação, os proprietários de direitos autorais e radialistas da web chegaram a um acordo sobre o custo das transmissões nos EUA. Sem esse acordo, até a gigante Pandora -restrita aos Estados Unidos- cogitava fechar.
Já a Last.FM passou a cobrar US$ 3 de assinatura mensal para ser ouvida livremente. As audiências dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Alemanha foram dispensadas da taxa. A cobrança aparentemente não alterou o público total: em junho, o site teve seu maior número de visitantes -dado corroborado pelo medidor de audiência independente Alexa.


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