São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Itamaraty volta a comprar obras de arte

Ministério das Relações Exteriores anuncia aquisição de 16 trabalhos de artistas brasileiros investindo R$ 150 mil

De 2.000 candidatos inscritos, lista de 82 finalistas foi elaborada e resultado final sairá na semana que vem


SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Quase 30 anos depois de abandonar seu programa de aquisições de obras de arte, o Ministério das Relações Exteriores quebra esse jejum nesta semana, anunciando a compra de 16 trabalhos de artistas brasileiros para compor seu acervo permanente.
Uma lista de 82 finalistas já foi elaborada por uma comissão julgadora, primeira peneira de 2.000 candidatos inscritos, que se estreita na próxima quinta com a escolha das obras que passarão a integrar a coleção, num investimento de R$ 150 mil.
Na primeira etapa do edital, a seleção ficou a cargo de brasileiros, representantes de instituições como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna da Bahia e dos centros culturais do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Estão na lista de finalistas, à qual a Folha teve acesso, jovens artistas, como Ana Elisa Egreja, Gui Mohallem, Matheus Rocha Pitta, Rafael Carneiro e Rodolpho Parigi, e trabalhos de autores consagrados, como Marepe, Carlito Carvalhosa e Paulo Monteiro.
Também há um grande contingente de artistas ainda pouco conhecidos ou sem expressão no mercado nacional e no circuito institucional.
É provável que os escolhidos sejam mesmo os nomes mais famosos, já que a decisão final será de uma comissão com curadores estrangeiros, entre eles Tanya Barson, da Tate Modern, em Londres, e Alison Greene, do Museum of Fine Arts, de Houston.
São profissionais reputados no circuito global, mas que têm contato limitado com a produção mais emergente realizada agora no país.
Segundo o diretor do departamento cultural do ministério, George Torquato Firmeza, resgatar "uma política sistemática, planejada, de aquisição" é um dos objetivos da atual gestão da chancelaria, a cargo do ministro Antonio de Aguiar Patriota.
"No exterior, a expansão de nossa rede de consulados e embaixadas tornou mais aguda a demanda por obras de arte", diz Firmeza. "Uma embaixada do Brasil não pode ser considerada completa sem algumas poucas obras de artistas brasileiros."

DIVISÃO ANACRÔNICA
Mas o valor investido por enquanto, e que pode ser duplicado na próxima edição do concurso no ano que vem, fica aquém da realidade do mercado nacional, em plena ebulição e com valores de obras em alta exponencial.
Também é um tanto anacrônica a divisão das peças escolhidas em quatro categorias, pintura, escultura, fotografia e obras em papel, deixando de fora vídeo, instalação e a produção contemporânea mais experimental.
Grafite deve ser o próximo suporte a entrar para o edital, a partir do ano que vem.
Talvez por esse funil estreito demais dos suportes ou valores ainda modestos, as obras finalistas se restringem a peças que podem figurar num canto de sala ou penduradas nas paredes dos prédios oficiais mundo afora.


Texto Anterior: Autora assiste a "True Blood" e conversa com fãs no Facebook
Próximo Texto: Artistas reinventam formato clássico dos livros em mostra
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.