São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2005

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Cansei de Ser Sexy chama atenção da mídia inglesa e prepara CD "mundial"

Cansei de ser INDIE

Tod Seelie
A banda paulistana Cansei de Ser Sexy, que faz sua estréia em álbuns em outubro próximo e que teve apresentações e canções elogiadas pela crítica britânica


LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

A cena musical independente brasileira vai ser sacudida nos primeiros dias de outubro, quando a banda-fenômeno paulistana Cansei de Ser Sexy (finalmente) lança em grande estilo seu primeiro álbum, após dois anos de superutilização da internet, farra em eventos de moda, shows bizarros em pequenos bares sem palco e apresentações debochadas em palcos de grandes festivais.
No entanto, mais do que o revolucionário lançamento de um disco (um disco, não: dois! Dois discos, não: três!!!), o interessante é perceber que o CSS já há algum tempo botou em curso um involuntário plano de... dominação mundial.
Há menos de duas semanas, o Cansei de Ser Sexy, combo de electropunk que canta em inglês e português, ganhou entusiasmada resenha de página inteira no jornal britânico "Observer", a edição dominical do grupo que edita o diário "The Guardian".
A incrível menção de uma banda nacional que nem tem álbum lançado ganhou tintas inglesas para registrar as observações do crítico de música Peter Culshaw, depois de o jornalista ver, em julho passado, uma apresentação do Cansei de Ser Sexy no pequeno clube paulistano Jive. "Satânico samba", categorizou o "Observer" em título. "Tem muito mais coisa no Brasil do que bossa nova", seguia a manchete.
"Assim que eu ouvi o Cansei de Ser Sexy pela primeira vez, através do site da TramaVirtual, cheguei ao meu editor e disse: "Preciso ir a São Paulo para ver um grupo feminino que me empolgou, chamado Tired of Being Sexy". Ele respondeu na hora: "Vai lá. Com um nome desses, deve ser bom mesmo'", contou à Folha o jornalista britânico, que viaja o mundo atrás de novidades musicais e colabora com outro grande jornal de Londres, o "Daily Telegraph".
"Depois que os vi ao vivo, posso dizer tranquilamente que eles são minha banda nova favorita no mundo", enfatiza Culshaw, que já entrevistou e escreveu artigos sobre Caetano Veloso e Gilberto Gil, artistas brasileiros "um pouco diferentes do Cansei de Ser Sexy".
Peter Culshaw veio ao país a convite da gravadora Trama. Ele prepara um vasto material e uma compilação sobre o som da Amazônia, em especial a guitarrada e o tecno brega, interessantes movimentações musicais de Belém (PA). Mas durante suas pesquisas teve os olhos (e ouvidos) atraídos para a cena de São Paulo, em geral, e para o CSS, em particular.
"Estou muito excitado com São Paulo ultimamente. A cidade está produzindo extraordinária música pop contemporânea. Nos anos 60, o Brasil produzia o mais sofisticado som pop, com a bossa nova e a tropicália. Agora entendo que esta onda fértil está voltando", acredita Culshaw.
"Há dez anos, a música pop mundial feita nas principais metrópoles era só rock ou só hip hop. Agora São Paulo consegue produzir rock, hip hop e eletrônica tudo junto, misturado e com qualidade, e ainda dar sua cara a tudo isso", avalia ele. "Hoje, na Inglaterra, as bandas novas só fazem emular o punk rock. Isso pode ser bacana para eles, mas para quem tem mais de 30 anos é déjà vu. Enquanto eles se levam muito a sério, o Cansei de Ser Sexy tem senso de humor. Eles estão no meio do caminho entre uma banda-bobagem como as Spice Girls e um grupo revolucionário como os Sex Pistols", diz com entusiasmo Culshaw, que acredita que uma faixa como "Meeting Paris Hilton", um dos hits do CSS, entraria fácil no top ten britânico.
Mas o Cansei de Ser Sexy não chega a ser uma novidade para os ingleses. No ano passado, a rapper britânica e DJ Princess Superstar tocou a canção "Ódio, Ódio, Ódio, Sorry, C." em um programa seu na rádio Kiss FM.
A "carreira internacional" do Cansei de Ser Sexy passa pela TV e pelos games. "Meeting Paris Hilton" foi colocada recentemente pelo canal Fox como trilha sonora das chamadas promocionais para a América Latina da terceira temporada do seriado "The Simple Life", estrelado por Paris.
E a música "Computer Heat", outra faixa que estará no début em CD do CSS, vai virar trilha do novo game da série "The Sims", da Electronic Arts, que se autoconclama o jogo mais vendido da história.


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