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Disco de estréia terá CD-R e extra
COLUNISTA DA FOLHA
O esquema da estréia em disco
do Cansei de Ser Sexy é tão ousado quanto a banda. O sexteto demorou praticamente dois anos
para lançar seu primeiro álbum,
mas, agora que finalmente vai
sair, vem triplo. Mais ou menos.
O CD com selo da TramaVirtual
e nome "Cansei de Ser Sexy" que
atinge as lojas nacionais no comecinho de outubro vem com o disco em si, oficial, de 14 faixas. Na
mesma caixa, um CD-R, gravável,
em branco, para o comprador do
disco descarregar as músicas no
computador, gravá-lo no CD virgem e presentear um amigo.
A iniciativa da banda e da gravadora bota o dedo na ferida da
grande indústria da música, em
guerra na Justiça contra garotos
que usam computador para compartilhar músicas "roubadas" na
internet. Mas significa um tributo
ao mundo que fez a fama do CSS
no indie nacional: o virtual.
Filhote legítimo da geração internet, o CSS, assim que formado,
virou fotolog, causou agito em e-mails, blogs e foi parar na TramaVirtual, divisão on-line da Trama,
vitrine para bandas novas botarem suas músicas em arquivos
MP3s e tentarem a sorte. A TramaVirtual tem cadastradas quase
15 mil bandas independentes, o
que gera um acervo de cerca de 30
mil canções.
O Cansei de Ser Sexy, que desde
2003 quase sempre freqüentou o
top 10 das mais ouvidas do site,
em meio a um exército de bandas
de emo e hardcore melódico, representa o primeiro disco da nova
empreitada da subdivisão da Trama de chegar ao CD físico com
seus frutos virtuais.
O terceiro disco do "megalançamento indie" do CSS é o CD
"CSSSuxxx", um extra de sete faixas (inéditas e em versões mais
pesadas que no álbum) que será
vendido a preços camaradas nas
apresentações ao vivo da banda.
O CSS conta com Ana Rezende,
Luiza Sá e Carol Parra nas guitarras, Ira Trevisan no baixo, a ótima
Luíza Lovefoxxx no vocal e o único homem da banda, Adriano
Cintra, nas baterias e guitarra.
E olhar estrangeiro em cima das
estripulias dessas cinco meninas e
um menino não vem só da Inglaterra. O crítico musical Simon
Reynolds, nascido no Reino Unido, mas colaborador das revistas
"Spin", "Rolling Stone" e dos jornais "New York Times" e "Village
Voice", viu a apresentação da
banda paulistana no último Campari Rock e gostou.
"Eles começaram sendo um
grupo indie barulhento e terminaram completamente pop, divertidos. A banda tem alguns candidatos a hits, deu para notar numa primeira ouvida. Achei engraçado perceber, conversando com
algumas pessoas depois do show,
que o CSS os ofende de alguma
maneira, por ter uma certa falta
de grandes habilidades musicais",
afirmou Reynolds.
O baterista Adriano Cintra diz
ainda não ter assimilado esse interesse estrangeiro em sua banda
tão indie e paulistana. "Acho isso
muito surreal. Ainda não entendemos direito o que está acontecendo."
(LR)
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