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O SILÊNCIO DOS INTELECTUAIS
Palestra foi realizada no Rio
Artistas revelam o que políticos tentam esconder, afirma Wisnik
DA SUCURSAL DO RIO
Clarice Lispector e Carlos
Drummond de Andrade foram os
protagonistas da palestra feita anteontem na Maison de France, no
Rio, por José Miguel Wisnik. Em
sua participação no seminário "O
Silêncio dos Intelectuais", o músico e professor de literatura procurou mostrar como a arte toca onde a política não pode tocar.
"Governantes não podem confessar a impossibilidade de governar. Eles têm de se instalar no lugar do ideal", afirmou ele, evocando um pensamento de Freud ao
dizer que "governar, educar e
analisar são tarefas impossíveis,
porque lidam com um real que
sempre escapa".
"[O governante] não pode dizer
que está gerindo uma dívida social infinita, que não pode romper
com a ordem econômica mundial, que tem de governar com a
margem estreita que sobrou para
o Estado no mundo da empresa e
do capital. Um governante que
dissesse isso instauraria uma revolução mental, pois seria preciso
fazer uma psicanálise coletiva."
O ponto de partida para essa reflexão foram dois textos de Clarice Lispector que estão no livro "A
Legião Estrangeira": "Literatura e
Justiça" e "Mineirinho". No primeiro, por exemplo, a autora lamenta sua aparente incapacidade
de agir politicamente, mas mostra
como consegue, com a escrita, ir
além da luta política.
"Não adianta dar mensagens
que eu já conheço, pois isso não
justificaria a escrita", explicou
Wisnik, complementando em outro momento, quando falava também de Drummond: "A poesia
tem que calar aquilo que a gente
repete sem cessar, que já está colado em nós".
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