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Da Espanha a Cuba
Criada em Palma de Mallorca, a atriz Branca Messina se prepara para viver bailarina cubana após boa atuação em "Não por Acaso'
CHANTAL BRISSAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma bailarina cubana que
quer fazer faculdade de dança
nos Estados Unidos é uma das
novas personagens da atriz carioca Branca Messina, 22. Ela
começa a filmar o longa "Olhos
Azuis", do diretor José Joffily
("Achados e Perdidos", "Quem
Matou Pixote"), em novembro,
mas já vem treinando o sotaque
cubano há algum tempo. "É um
jeito de falar diferente, não
aquele espanhol com a língua
presa. É como se eu tivesse um
ovo na boca", explica Branca,
fluente no idioma. Dos quatro
aos 15 anos ela morou em Palmas de Mallorca com a família.
Mas a dançarina não é o único foco da atriz. Branca também anda mergulhada em Carol, protagonista de "Vingança", em fase de pré-produção. O
longa é um projeto da Pax Filmes, do diretor Paulo Pons, em
parceria com a Riofilme. "É um
projeto maravilhoso e de baixo
orçamento, já que a Pax irá fazer quatro filmes com cerca de
R$ 300 mil", diz. "Estou muito
feliz com essas oportunidades."
Branca ainda é desconhecida
do grande público, mas vem fazendo sucesso no cinema. Ganhou o prêmio de melhor atriz
coadjuvante no Cine Pernambuco 2007, por sua atuação em
"Não por Acaso", de Philippe
Barcinski. "Quando falaram o
meu nome, fiquei estática, sem
saber o que dizer para todo
aquele público", conta.
Carisma
Para Barcinski, há uma palavra para definir Branca Messina: carisma. "Para entrar em
cena de igual para igual com
atores tão talentosos, como Rodrigo Santoro e Letícia Sabatella, era necessário, além do talento de atriz, algo intangível,
difícil de explicar. É o carisma.
E isso transborda em Branca",
disse o cineasta à Folha.
Difícil discordar. Com o jeito
calmo e a fala articulada, ela
mostra uma firmeza rara em
sua idade. Branca acha que esse
ar "diferente" se deve aos anos
passados na Espanha. "Minha
mãe queria viver em um lugar
onde os filhos pudessem ir caminhando sozinhos para a escola", diz. O oposto do que
aconteceria no Rio, é certo.
Pois Branca compartilhou
com o irmão mais velho e a
mãe, astróloga, o idílio de viver
em um pedaço do paraíso do
Mediterrâneo, correndo em
praias desertas e brincando de
esconde-esconde nas ruelas do
casario caiado de branco.
Um dia a menina decidiu voltar -e sozinha. "Eu estava com
15 anos e achei que era hora de
fazer minha história no Brasil",
conta. Ela já previa que a carreira teria algo a ver com o cinema ou o teatro. "Eu gostava
tanto de representar que, uma
vez, pressionei minha mãe a
ver se encontrava alguma vocação teatral no meu mapa astrológico", relembra a pisciana.
Teatro
Branca fez a peça "A Vida
Não Promete", com texto e direção de Hamilton Vaz Pereira,
e participou de "Else", baseada
na novela de Arthur Schnitzler,
com direção de José Luiz Junior. "Vim cheia de garra, querendo fazer e acontecer."
Estudou dança na Faculdade
Angel Vianna e formou-se em
interpretação pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). De
quebra, aulas de ioga ("Para me
centrar", explica) e braçadas,
essas para matar a saudade da
infância à beira-mar. Tudo isso
para chegar perto de seu sonho:
"Participar da fantástica experiência que é atuar, viver a cada
dia uma história", ela diz.
O contato com Philippe Barcinski aconteceu exatamente
como o título do primeiro longa-metragem do diretor: não
por acaso. Branca soube do início da produção, apresentou-se
à equipe, conquistou o papel.
Não foi o primeiro filme da
atriz. Em 2005, ela fez "Cafuné", de Bruno Vianna, e em
2006 gravou "Mulheres, Sexo,
Verdades, Mentiras", de Euclydes Marinho, longa inédito em
exibição no Festival do Rio
2007 (fora de competição).
Mas Branca quer mais, e isso
inclui teatro. "E, quem sabe,
um dia, até televisão", prevê.
Nas raras horas de folga, tem
ensaiado "As Pecadoras", com
direção de Bruno Garcia. O espetáculo vai ser apresentado no
Rio Cena Contemporânea, entre 4 e 14 de outubro. O texto,
de Victor Paiva, filho do escritor e cartunista Miguel Paiva,
trará cinco atrizes falando de si
mesmas. "É uma fase movimentada, de mil realizações",
ela diz, com o sorriso aberto.
"Mas eu gosto disso; a gente
tem que sonhar alto, não é mesmo?", pergunta. É a mais pura e
branca verdade.
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