Compositor argentino mostra repertório que dialoga com o popular ao lado da Osesp

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto prepara uma ópera sobre o físico britânico Stephen Hawking para o Metropolitan de Nova York, o compositor argentino Osvaldo Golijov, 49, acompanha, nesta semana, uma série de apresentações de obras suas pela Osesp.
"Na juventude, quando meus pais se opunham a que eu seguisse a carreira musical, cheguei a estudar astronomia", explica Golijov, que está criando em parceria com o canadense Robert Lepage (autor de "Os Sete Afluentes do Rio Ota") a ópera do Metropolitan, para 2014.
Radicado desde 1986 nos EUA, onde foi discípulo dos consagrados George Krumb e Oliver Knussen, Golijov tem uma vasta discografia em selos como Deutsche Grammophon, Naxos, EMI e Sony -sucesso garantido por um idioma acessível, que dialoga constantemente com a música popular.
"Nas superfícies da música contemporânea havia muitas obras inapreensíveis, que rechaçavam o ouvinte", afirma. "Nesse contexto, foi muito importante estudar a música popular e aplicá-la às minhas composições".
Regida pelo peruano Miguel Harth-Bedoya, a Osesp executa, de hoje a quinta, "Last Round" (1996), uma homenagem a Astor Piazzolla; "Azul" (2006), estreada pelo violoncelista Yo-Yo Ma; e a cantata "Oceana" (1996), escrita para a cantora brasileira Luciana Souza.
"São obras distintas, das quais "Azul" representa o momento em que estou agora: a busca de um novo lirismo, com melodias e harmonias que chegam ao coração, mas são novas", diz, rejeitando o rótulo de "neo-romântico".
Requisitado por alguns dos principais intérpretes da atualidade, Golijov está escrevendo uma peça de câmara, para ser executada por 35 orquestras dos EUA.
Outra tarefa é um concerto para o violinista Leonidas Kavakos -encomenda de orquestras de peso: as filarmônicas de Berlim e Los Angeles e a Sinfônica de Londres.