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Espanhóis trazem legado de Gades
Compañia de Flamenco Antonio Gades apresenta as coreografias "Carmen", "Bodas de Sangre" e "Suíte Flamenca"
Companhia de dança foi criada em 2005, alguns meses após a morte do bailarino espanhol, para perpetuar suas coreografias
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
A "Carmen" que Stella Arauzo, 43, interpreta hoje não é a
mesma de 19 anos atrás, quando a atual diretora artística da
Compañia de Flamenco Antonio Gades vestiu a personagem
pela primeira vez.
Naquela época, a bailarina foi
orientada por Gades (1936-2004), o renomado coreógrafo
espanhol, a jogar toda a sua vivência na leitura da lasciva cigana eternizada na ópera de
Georges Bizet (1838-1875).
"Na inexperiência dos meus
24 anos, eu não tinha como ir
muito longe. A Carmen que faço hoje se aproxima muito mais
daquela que Antonio Gades
imaginava. Tenho muito mais a
contar", avalia Arauzo.
É essa "Carmen" que os paulistanos verão hoje, no Teatro
Municipal de São Paulo (já com
ingressos esgotados), e nos dias
12 e 13, no Credicard Hall. Amanhã, no Municipal, a companhia apresenta duas outras coreografias, "Bodas de Sangre" e
"Suíte Flamenca".
Primeira bailarina das coreografias de Gades desde a década
de 80, Stella Arauzo assumiu a
direção artística da companhia
em 2005, alguns meses depois
de o bailarino morrer, com câncer, aos 67 anos.
Foi o próprio Gades, o maior
responsável pela evolução da
dança flamenca no século 20,
quem lançou as bases da companhia, ao criar, em 2004, a
Fundação Antonio Gades, com
o intuito de perpetuar sua obra.
Sete dos bailarinos que o acompanhavam estão entre os 19 hoje dirigidos por Arauzo.
Começo
"Suíte Flamenca", criada em
1968, reúne uma série de números que cobrem, segundo o
olhar de Gades, a estética da
dança flamenca. A coreografia,
diz Arauzo, é "o começo de tudo". "Antonio era o mago das
sensações. A música flamenca
passa sobriedade, mas passa
também paixão, sensualidade,
e foi com esse trabalho que Antonio recuperou o que se fazia
nos bailes", conta.
A terceira coreografia apresentada em São Paulo, "Bodas
de Sangre", de 1974, é inspirada
na obra de Federico García
Lorca e integra, assim como
"Carmen", uma trilogia flamenca levada ao cinema por
Carlos Saura (que se completa
com o filme "Amor Bruxo").
"Interpretar essa coreografia
representa voltar à juventude.
"Bodas de Sangre" foi transgressora quando surgiu, e segue tão
atual, atemporal... Estamos falando de três décadas da coreografia", diz Arauzo.
A companhia já passou por
Brasília e Rio, e, nos próximos
dias, segue para Recife (dia 3),
Salvador (6), Curitiba (8) e Porto Alegre (10 e 11).
COMPAÑIA ANTONIO GADES
Quando: hoje ("Carmen") e amanhã
("Bodas de Sangre" e "Suíte Flamenca"), às 21h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, região central, tel. 0/xx/11/3222-8698)
Quanto: R$ 60 a R$ 200 (esgotados)
Quando: dias 12 e 13 ("Carmen",
nos dois dias), às 21h30
Onde: Credicard Hall (av. Nações
Unidas, 17.955, Santo Amaro, tel.
0/xx/11/6846-6010)
Quanto: R$ 40 a R$ 180
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