São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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Espanhóis trazem legado de Gades

Compañia de Flamenco Antonio Gades apresenta as coreografias "Carmen", "Bodas de Sangre" e "Suíte Flamenca"

Companhia de dança foi criada em 2005, alguns meses após a morte do bailarino espanhol, para perpetuar suas coreografias

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

A "Carmen" que Stella Arauzo, 43, interpreta hoje não é a mesma de 19 anos atrás, quando a atual diretora artística da Compañia de Flamenco Antonio Gades vestiu a personagem pela primeira vez.
Naquela época, a bailarina foi orientada por Gades (1936-2004), o renomado coreógrafo espanhol, a jogar toda a sua vivência na leitura da lasciva cigana eternizada na ópera de Georges Bizet (1838-1875).
"Na inexperiência dos meus 24 anos, eu não tinha como ir muito longe. A Carmen que faço hoje se aproxima muito mais daquela que Antonio Gades imaginava. Tenho muito mais a contar", avalia Arauzo.
É essa "Carmen" que os paulistanos verão hoje, no Teatro Municipal de São Paulo (já com ingressos esgotados), e nos dias 12 e 13, no Credicard Hall. Amanhã, no Municipal, a companhia apresenta duas outras coreografias, "Bodas de Sangre" e "Suíte Flamenca".
Primeira bailarina das coreografias de Gades desde a década de 80, Stella Arauzo assumiu a direção artística da companhia em 2005, alguns meses depois de o bailarino morrer, com câncer, aos 67 anos.
Foi o próprio Gades, o maior responsável pela evolução da dança flamenca no século 20, quem lançou as bases da companhia, ao criar, em 2004, a Fundação Antonio Gades, com o intuito de perpetuar sua obra.
Sete dos bailarinos que o acompanhavam estão entre os 19 hoje dirigidos por Arauzo.

Começo
"Suíte Flamenca", criada em 1968, reúne uma série de números que cobrem, segundo o olhar de Gades, a estética da dança flamenca. A coreografia, diz Arauzo, é "o começo de tudo". "Antonio era o mago das sensações. A música flamenca passa sobriedade, mas passa também paixão, sensualidade, e foi com esse trabalho que Antonio recuperou o que se fazia nos bailes", conta.
A terceira coreografia apresentada em São Paulo, "Bodas de Sangre", de 1974, é inspirada na obra de Federico García Lorca e integra, assim como "Carmen", uma trilogia flamenca levada ao cinema por Carlos Saura (que se completa com o filme "Amor Bruxo").
"Interpretar essa coreografia representa voltar à juventude. "Bodas de Sangre" foi transgressora quando surgiu, e segue tão atual, atemporal... Estamos falando de três décadas da coreografia", diz Arauzo. A companhia já passou por Brasília e Rio, e, nos próximos dias, segue para Recife (dia 3), Salvador (6), Curitiba (8) e Porto Alegre (10 e 11).


COMPAÑIA ANTONIO GADES
Quando:
hoje ("Carmen") e amanhã ("Bodas de Sangre" e "Suíte Flamenca"), às 21h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, região central, tel. 0/xx/11/3222-8698)
Quanto: R$ 60 a R$ 200 (esgotados)
Quando: dias 12 e 13 ("Carmen", nos dois dias), às 21h30
Onde: Credicard Hall (av. Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro, tel. 0/xx/11/6846-6010)
Quanto: R$ 40 a R$ 180


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